quarta-feira, 30 de junho de 2010

Eu não pedi pra nascer, ei, que marca é esta?



Ao nascer me deram um nome, uma identificação, sem me perguntarem se eu estava de acordo. 

Me deram uma nacionalidade, não me perguntaram em qual país eu queria nascer.

Me deram uma camisa de um time de futebol, sem me perguntar se eu curtia aquele time.
Me vestiram com roupas que gostavam, sem perguntarem meu estilo.

Me alimentaram com comidas que achavam gostosas, não perguntaram meu gosto.

Me classificaram segundo minha aparência e pigmentação (rsrs).
Colocaram em minha testa uma marca escrita "pecador", sequer eu sabia o que era pecado.

Por causa desta marca colocaram um outro carimbo chamado religião, sem perguntar se eu estava de acordo.

Apesar de me classificarem e enfiarem goela abaixo "identidades" e conceitos sem minha autorização, existiam coisas que eu não podia fazer.
Sexo, só quando casar.

Votar, somente na idade certa.

Dirigir, agora não.

Ao crescer descobri que meu nome fora escolhido com carinho e tinha um sentido de ser este nome.

Descobri que meus antepassados escolheram o país onde nasci devido à fuga de uma guerra em seu país de origem.

Descobri que me deram aquela camisa de time de futebol por causa de um excelente jogador e, na época em que nasci, seu time era um dos melhores.

Descobri que as roupas que me vestiam era somente aquelas que podiam comprar.

Descobri que a alimentação que me davam eram também de acordo com o orçamento familiar.

Descobri que a classificação na sociedade é necessária.

Quando comecei a questionar a identificação de pecador e necessidade de "purificar-se" em uma religião a coisa complicou.

Me contaram uma história assim:
Deus fez um homem-barro, dele fez uma mulher-costela, esta conversou com uma cobra que lhe deu uma fruta, e, em seguida Deus condenou todo mundo à morte, mesmo quem nem existia ainda, por causa da fruta. (by Bill)

Me disseram que Deus é algo que não tem aparência, não tem forma, não tem imagem e não tem semelhança, mas nos fez à sua imagem e semelhança.

Me disseram que Deus nos fez para viver neste planeta em uma área pequena chamada Paraíso, depois que a mulher-costela comeu a fruta eles foram colocados para fora daquela pequena área e habitaram todo resto que não era o paraíso.

Interessante, das duas uma, ou o homem barro e a mulher costela iriam viver sozinhos para sempre neste lugar pequeno chamado paraíso ou, iriam gerar novos homens-barro e mulheres-costela "superlotando" o paraíso de forma que, em algum momento o pessoal teria que ser colocado para fora, senão, ia ficar igual à Casa de Custódia de Viana.

Me disseram que, por causa da fruta Deus desprezou todos homem-barro e mulher-costela exceto até o momento que ele mesmo, Deus se mataria para devolver ao homem-barro e mulher-costela o direito de voltar para o pequeno lugar chamado paraíso. Porém esta morte do Deus não seria assim, digamos que, uma morte. Porque Ele ressuscitaria, na verdade ele não se matou e nem foi morto, em um passe de mágica e "taram" lá está ele, vivinho da silva.

Me disseram que eu tenho que acreditar nesta história para poder ir lá para o paraíso onde tudo começou.

E que agora tenho que receber uma nova marca, a tal da marca de Cristo.

Cá pra nós, devia ser um tédio neste tal de paraíso porque a mulher-costela não tinha ninguém pra conversar, mó silêncio e tal, o homem-barro não dava conta do recado, O Criador aparecia uma vez por dia (ele não é onipresente?), só sobrou quem pra ela bater uns papos e dar um rolé pelo paraíso? A serpente, mó viagem, lá a mulher-costela passeando no jardim com nada mais nada menos que a serpente falante.

Contos Religiosos.

Odlave Sreklow.

6 comentários:

  1. Postagem perfeita. É mais ou menos isso que penso.

    abraço

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  2. Odlave estamos em sintonia ui ui! Pois eu ia escrever também que eu não pedi para nascer crente, agora se eu quiser acreditar em outra coisa vão me classificar como desviado.

    Que coisa, eles nem deixam as pessoas escolherem o caminho que quiserem que logo já vão tachando as pessoas, isso tinha que dar processo e cadeia, pois é difamação permanente da imagem da pessoa com todo o desagrado que isso causa.

    Eu também quero escrever sobre esta tremenda injustiça que é culpar a humanidade pelos pecados dos outros, e depois vem com história de que deus quer perdoar a humanidade, não seriam nós que devemos perdoar este deus que ferrou com todo mundo por causa de um só homem?

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  3. É meu caro Odlave

    A parte de mim que foi construída quando eu não tinha consciência, não atua enquanto estou acordado ou vigilante. Mas é a noite, quando estou em sono profundo que os duendes, diabitos de chifres, boi da cara preta, leviatãs e dragões reprimidos no obscuro oceano do meu ser, aparecem me assombrando.

    Ainda bem que as marcas desse diabólico CARIMBO, são por me entendidos como influxos de um presença invisível, cujo conteúdo foi sacralizado e infernizado à maneira de um filme repetitivo, cópia apocalíptica das experiências "religiosas originais" da minha tenra infância.

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  4. ERRATA:
    Onde está escrito: "são por me entendidos", leia-se: "São por mim entendidas"

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  5. Grandes Amigos blogueiros,


    Alexandre,
    Que bom que alguém mais pensa assim.

    Gresder,
    Sintonia total, rsrs. Pois é, acho que isto tem a ver com a historinha do homem-barro dar nome aos bois.
    Escreva, escreva mesmo, precisamos de textos pensantes.

    Mestre Levi,
    Ainda bem que temos a liberdade de reconhecer e diagnosticar as propriedades atribuídas e carimbadas, não apenas de terceiros, mas também aquelas marcas que nossa mente tenta nos "empurrar".

    Abraços a todos,

    E amanhã vamos descascar a laranja,

    Odlave Sreklow.

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  6. Na verdade nunca fui religioso, na verdade tinha asco de crente, pois os considerava alienados, o seu líder um ladrão e todos eles um bando de infelizes acusadores.
    Me tornei um de uns três anos pra cá e construí muitas amizades e ótimas coisas, diria até bênçãos como a minha esposa.
    Mas nunca aceitei a idéia de mudar quem eu sou por aceitar Jesus. Eu o aceitei como Ele é porque motivo ele não me aceita como eu sou? Logo vieram as dúvidas e os questionamentos sem respostas convincentes, os dedos apontados para mim e por aí vai...
    Hoje tento não contagiar as pessoas que amo para não roubar-lhes a esperança.

    abraços

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