sábado, 18 de agosto de 2012

Papai Noel não Existe, Deus também não





Às vezes quando sou indagado sobre meu ateísmo e na conversa falo sobre a questão de deuses serem apenas seres imaginários, ouço frases do tipo:

"Mas algumas pessoas realmente precisam acreditar, eu sei que papai noel não existe, mas eu gosto de comemorar o natal e falar sobre papai noel com meu filho. Quando ele crescer vai saber que não era de fato real."

Eu sinceramente não consigo transmitir coisas que de fato não são verdades. Eu não consigo mentir mesmo que a mentira seja para o bem de alguém, porque eu creio que na aparição da verdade, o bem se torna mal.

Por exemplo quando iludimos nossos filhos com um velhinho que lhe traz presentes uma vez por ano. No início as crianças acham legal ou até podem ter medo, mas quando souberem da verdade como elas vão olhar para mim?

Desde cedo falei para meus filhos que a história era uma lenda e que não existem "viadinhos" voadores, ou duendes fabricantes de brinquedos. Mas eu era o responsável por trabalhar e comprar presentes para eles.

Acho mais saudável ser verdadeiro, quando eles crescerem vão saber o valor de uma verdade e as consequências de uma mentira.

Eu fui cético desde cedo, quando criança colocava em dúvida meus primos sobre a questão de papai noel e coelhinho da páscoa. Um primo meu chegou a ficar nervoso tentando me convencer de que um coelho entraria na casa dele à noite e deixaria ovos de chocolate. Quando eu disse que era o pai dele que fazia isso ele não gostou.

Sobre o papail noel eu fiz um teste. Como meu pai não sabia ler, eu coloquei a famosa carta pedindo um brinquedo embaixo do meu travesseiro, óbvio que o papai noel saberia o brinquedo que eu tinha pedido, já que era assim que a lenda dizia, inclusive que ele observava nosso comportamento para nos dar ou não um presente. Mas de fato, o presente que estava lá na manhã de natal não era o que eu tinha pedido. "Batata" eu não disse que era meu pai que trazia o presente?

Para mim, a ilusão não era boa, eu preferia a coisa lógica, eu preferia a coisa com fundamento, o que eu não conseguia entender não daria para acreditar.

Certo dia andando com meus dois filhos e duas sobrinhas, quase da mesma idade dos meus filhos, fiz a seguinte pergunta a eles: "se vocês estivessem em uma floresta no meio da noite, teriam medo de quê?". As meninas disseram em uma só voz que teriam medo de fantasmas, já meus filhos disseram que teriam medo de leão e cobra. Fiquei orgulhoso deles, teriam medo de algo que realmente existia na floresta.

Eu quero ser honesto, justo e verdadeiro, sem precisar de fantasias para sobreviver.

A realidade pode ser dura para alguns, mas, eu me sinto confortável com ela.

Ensino a meus filhos a agir com a "cabeça", a pensar, pois o coração não pensa, o coração é só uma bomba de sangue.

Aí dizem: "É como tirar o doce da boca da criança, muitos precisam viver na ilusão".

O problema é que a ilusão tem uma vida útil curta, um dia ao acordar a pessoa descobre que foi enganada, e eu não quero ser culpado por isso.

Não quero te enganar, não quero te oferecer uma vida eterna, não quero te prometer mundos e fundos.

Quero apenas lhe dizer que seres imaginários são só isso, imaginados. Deuses são só seres imaginados.

Papais Noéis e deuses não resolvem os problemas da sociedade, não matam a fome de crianças, não dão a vida e não a tiram, são apenas mais uma de nossas invenções.

A história do cristianismo não é verdadeira, então porque eu vou querer levá-los à missa ou a um culto qualquer? As religiões são infundadas, os objetivos finais são maléficos.

Pessoas religiosas são motivadas por uma ilusão, fazem o bem somente para manter o nome de sua religião e seus ideais em alta.

Prefiro assim, não preciso de um rótulo para fazer o bem, não preciso de uma agenda, não preciso aparecer. Faço o bem quando dá na telha, e quando não quero também fico na minha, mas o mal, deste eu fujo, sempre.

Odlave Sreklow.