sexta-feira, 28 de maio de 2010

Garoto de programa, programa de garoto



Quase todos os dias acordo ao lado de uma pessoa diferente.


Me sinto sem graça apesar de ter pago para estar ali.


O pior é que na maioria das vezes são pessoas desconhecidas.


São poucos os casos em que os personagens se repetem.


Algumas vezes são mulheres, outras vezes homens.


Quase não falamos nada um com o outro.


O lugar também nem sempre é o mesmo.


Os funcionários que nos recebem na maioria das vezes são gentis.


Às vezes me sinto à vontade, outras vezes, constrangido.


Também me incomoda o frio do ar condicionado.


Quando não, o calor de sua ausência.


Às vezes só percebo onde estou quando abro os olhos.


Despedidas quase nunca acontecem, na maioria das vezes pego minhas coisas e saio sem olhar para trás.


Levanto, dou sinal, espero a porta abrir e vou embora.


A vida continua.


Só não é assim quando vou trabalhar de carro.


Odlave Sreklow.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Vai fogo aí?






Desde pequeno aprendi que tínhamos que viver sempre andando.

Parávamos temporariamente em um lugar, caçávamos, pescávamos, colhíamos frutos e, assim que todos os recursos do local se acabavam, tínhamos que ir para outro lugar.

Fui ensinado que existem seres que nos vigiam, abençoam, amaldiçoam e castigam. Esses são os deuses.

Nossas fêmeas eram consideradas sagradas, pois geravam novas vidas.

Acreditávamos que recebiam dos deuses este poder.

Certo dia, um homem da tribo trouxe um galho de árvore onde havia uma luz igual à que vemos no alto, esta luz destruía o galho, em seguida ele mostrou como passar aquela luz deste galho para outro. Chamamos a luz de fogo.

Perguntamos onde aquele homem tinha encontrado o fogo e, ele disse que havia recebido dos deuses e, a responsabilidade de manter o fogo aceso foi dada a ele diretamente dos deuses porque esta era sua missão.

Certa vez me atrevi a colocar a mão no fogo sem que alguém visse, mas, isto me causou uma grande dor. Os deuses não gostaram.

Estávamos festejando o deus do fogo, colocamos o fogo em uma grande quantidade de madeira e passamos a dançar ao redor dele. Um pequeno animal veio correndo e caiu dentro do fogo, eu percebi, peguei um galho e o puxei para fora. Comi o animal e percebi que seu gosto havia mudado.

Contei para os outros e, desde então, passamos a colocar os animais no fogo antes de comê-los.

Ao homem que havia recebido o fogo dos deuses chamamos de sacerdote.

Usamos o fogo dos deuses também para queimar áreas com bastante mato e, aprendemos a utilizar a terra plantando sementes e, colhendo após um tempo determinado.

Descobrimos que poderíamos assim, produzir alimento e, permanecer por mais tempo em um único lugar.

Fizemos cabanas fixas com árvore, as anteriores eram com pele de animal.

O sacerdote disse que tínhamos que criar uma grande cabana para que o fogo permanecesse aceso e também para receber os deuses.

A esta cabana chamamos de templo.

Assim, o sacerdote possuía o controle do fogo e, era o único que via e falava com os deuses.

Aprendemos também que os animais poderiam ser presos e, assim, gerar novos animais. Não sabíamos como isso acontecia porque pensávamos que somente nossas fêmeas gerassem vida.

Pensávamos que os animais eram produzidos pelos deuses como os encontrávamos.

Foi aí que descobrimos que os animais geram novos animais, e, passamos a aprisioná-los para não ter mais que caçar.

Descobrimos que as fêmeas só geravam novas vidas quando estavam juntas com um macho.

Quando colocamos várias fêmeas com um único macho, descobrimos que somente um era necessário para que todas gerassem um novo animal.

Descobrimos assim, observando os animais, que nossas próprias fêmeas não geravam a partir dos deuses, mas, dependiam de nós, os machos, e, assim como aprisionamos os animais, passamos a aprisionar várias mulheres para gerar novas vidas, sendo assim, poderíamos colocar estes novos machos gerados para trabalhar para nós na criação dos animais e na plantação.

"Bem aventurado o varão que enche a sua casa de filhos."

Gerávamos machos e fêmeas, os machos serviam para o trabalho, as fêmeas poderiam ser negociadas para outros machos a usarem na reprodução, porém, as fêmeas novas deveriam ficar longe de um macho até que fosse negociada, caso fosse descoberto que uma fêmea teve contato com um macho antes da negociação, deveria ser morta e os bens devolvidos ao comprador.

Descobrimos que o fogo dos deuses servia para criar armas, com as armas invadimos e atacamos outros povos, matamos os homens e roubamos fêmeas e filhotes.

As fêmeas roubadas serviam para fazermos sexo sem necessidade de procriar, apenas por prazer.

Os filhotes machos serviam para o trabalho.

Os animais que tínhamos e, os frutos que colhíamos eram dádivas dos deuses, sendo necessário levarmos parte para o templo, para o sacerdote entregar aos deuses.

O sacerdote nos ensinou a usar a água da grande deusa nas plantações, ela trazia vida a nossa colheita.

A grande deusa, a deusa da água era inimiga do deus fogo e podia matá-lo.

A deusa da água enviava água do alto, para que esta água não apagasse o grande deus fogo que fica no alto, nós fazíamos um ritual com dança e matávamos animais com o fogo.

As fêmeas que deitavam com machos e não geravam nova vida eram mortas, pois, o sacerdote nos ensinou que as que não geram vida são amaldiçoadas e trazem maldição à toda tribo.

As fêmeas geradas eram de propriedade do macho, dono da fêmea geradora. As fêmeas geradas não serviam para procriar na mesma cabana, descobrimos que os filhotes nasciam diferentes, fracos, defeituosos.

Sendo assim, estas fêmeas eram vendidas. A entrega da fêmea vendida era feita em um ritual que chamamos de casamento.

Neste ritual as fêmeas eram negociadas por animais ou frutos e entregues ao novo proprietário.

Estou cansado, meus dias chegam ao fim, e, acabei de descobrir que batendo uma pedra na outra, próximo a galhos secos, consigo gerar o fogo.

Demonstrei como fazer mas todos disseram que eu estava indo contra os deuses e que eu não podia gerar fogo, isto era o papel do sacerdote.

Disseram que se eu fizesse novamente os deuses iriam me matar.

Sabe o que fiz?

Continuei com minhas pedras e meu fogo, que, não aprendi com nenhum deus.

E sabe o resultado? 

Nenhum deus me matou até hoje, e, estou contando isto para vocês.





Inspirado por leituras antropológicas, culturais e de historia da civilização humana.

Odlave Sreklow.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Realmente, sempre foi assim.






Mesopotâmia


A Mesopotâmia é considerada um dos berços da civilização, já que foi na Baixa Mesopotâmia onde surgiram as primeiras civilizações por volta do VI milênio a.C. As primeiras cidades foram o resultado culminante de uma sedentarização da população e de uma revolução agrícola, que se originou durante a Revolução Neolítica. O homem deixava de ser um coletor que dependia da caça e dos recursos naturais oferecidos, uma nova forma de domínio do ambiente é uma das causas possíveis da eclosão urbana na Mesopotâmia.

Tinham governo e burocracia próprios e eram independentes. Mas, em algumas ocasiões, em função das guerras ou alianças entre as cidades, surgiram os Estados maiores, sempre monárquicos, sendo o poder real caracterizado de origem divina.

escrita cuneiforme, grande realização sumeriana, usada pelos sírios, hebreus e persas, surgiu ligada às necessidades de contabilização dos templos. Era uma escrita ideográfica, na qual o objeto representado expressava uma idéia. Os sumérios - e, mais tarde os babilônicos e os assírios, que falavam acadiano - fizeram uso extensivo da escrita cuneiforme. Mais tarde, os sacerdotes e escribas começaram a utilizar uma escrita convencional, que não tinha nenhuma relação com o objeto representado. As convenções eram conhecidas por eles, os encarregados da linguagem culta, e procuravam representar os sons da fala humana, isto é, cada sinal representava um som. Surgia assim a escrita fonética, que pelo menos no segundo milênio a.C., já era utilizado nos registros de contabilidade, rituais mágicos e textos religiosos. Quem decifrou a escrita cuneiforme foi Henry C. Rawlinson. A chave dessa façanha ele obteve nas inscrições da Rocha de Behistun, na qual estava gravada uma gigantesca mensagem de 20 metros de comprimento por 7 de altura. A mensagem fora talhada na pedra pelo rei Dario, e Rawlinson identificou três tipos diferentes de escrita (antigo persa, elamita e acádio - também chamado de assírio ou babilônico). O alemão Georg Friederich Grotefend e o francês Jules Oppenttambém se destacaram nos estudos da escrita sumeriana.

Os deuses, extremamente numerosos, eram representados à imagem e semelhança dos seres humanos. O sol, a lua, os rios, outros elementos da natureza e entidades sobrenaturais, também eram cultuados. Embora cada cidade possuísse seu próprio deus, havia entre os sumérios algumas divindades aceitas por todos. Na Mesopotâmia, os deuses representavam o bem e o mal, tanto que adotavam castigos contra quem não cumpria com as obrigações.
O centro da civilização sumeriana era o templo, a casa dos deuses que governava a cidade, além de centro da acumulação de riqueza. Ao redor do templo desenvolvia-se a atividade comercial. O patesi representava o deus e combinava poderes políticos e religiosos.
Apenas ao sacerdote era permitida a entrada no templo e dele era a total responsabilidade de cuidar da adoração aos deuses e fazer com que atendessem as necessidades da comunidade. Os sacerdotes do templo estavam livres dos trabalhos nos campos, dirigiriam os trabalhos de construção de canais de irrigação, reservatórios e diques. O deus através dos sacerdotes emprestava aos camponeses animais, sementes, arados e arrendava os campos. Ao pagar o “empréstimo”, o devedor acrescentava a ele uma “oferenda” de agradecimento. Com a necessidade de controlar os bens doados aos deuses e prestar contas da administração das riquezas do templo iniciou-se o sistema de contagem e a escrita cuneiforme. Como exemplo do poder dos deuses em Lagash, o campo era repartido nas posses de aproximadamente 20 divindades, uma destas, Baú, possui cerca de 3250 hectares, das quais três quartos atribuídos, um em lotes, as famílias singulares, um quarto cultivado por assalariados, por arrendatários (que pagam um sétimo ou um oitavo do produto) ou pelo trabalho gratuito dos outros camponeses. Em seu templo trabalham 21 padeiros auxiliados por 27 escravas, 25 cervejeiros com 6 escravos, 4 mulheres encarregadas do preparo da lã, fiandeiras, tecelãs, um ferreiro, alem dos funcionários, dos escribas e dos sacerdotes.
A concepção de uma vida além-túmulo era confusa. Acreditavam que os mortos iam para junto de Nergal, o deus que guardava um reino de onde não se poderia voltar.


Os sumérios foram provavelmente os primeiros a habitar o sul da Mesopotâmia. A região foi ocupada em 5000 a.C. pelo povo sumério, que ali construiu as primeiras cidades de que a humanidade tem conhecimento, como UrUruk e Lagash. As cidades foram erguidas sobre colinas e fortificadas para que pudessem ser defendidas da invasão de outros povos que buscavam um melhor lugar para viver. Sua organização política era semelhante a uma confederação de cidades-Estado, governadas por um chefe religioso e militar que eram denominados patesi.
Como a maioria dos povos antigos, os sumérios eram politeístas. Porém os deuses serviam mais para resolver problemas terrenos do que solucionar os problemas que fazem parte após a morte. Cada cidade sumérica tinha seu Deus "comandante". Na visão dos sumérios, os deuses tinham comportamentos parecidos com o das pessoas, praticavam o bem e o mal, e eram muito mais temidos do que amados.
Os Sumérios são conhecidos pelo desenvolvimento da escrita cuneiforme (assim chamada porque o registro era feito em placas de argila com auxílio de estilete que imprimia traços com forma de cunha) e desde o quarto milênio a.C., possuiam um complexo e completo sistema de controle da água dos rios. Realizavam obras de irrigação, barragens e diques, utilizavam também técnicas de metalurgia do bronze. Sua organização social influenciou muitos povos que os sucederam na região.

Odlave Sreklow.

sábado, 15 de maio de 2010

O 13º Discípulo, uma nova versão do mestre



Eu estava ali, à beira do mar junto a meu irmão e meu pai, consertávamos nossas redes de pesca.

De repente O vi ao longe. Seu olhar me contagiou, já nos conhecíamos, sabia que esta hora chegaria. Meu pai também, por isso nem questionou nossa decisão. Minha vida mudaria drasticamente.

Caminhamos dia após dia sem saber o que aconteceria no próximo amanhecer.

Ele nos falou de uma nova vida.

Nos falou que não tinha sentido algum juntar dinheiro, até uma vez falou para um jovem dar tudo o que tinha àqueles que não tinham nada.

Era totalmente despreocupado.

Até quando faltava o pão, Ele permanecia tranquilo.

Onde passávamos as pessoas eram contagiadas por sua alegria, vinho, nunca faltou.

Vez ou outra dava para matar saudade da pesca, a gente pescava junto e Ele se mostrava entender mais de pesca que meu pai.

Apesar de estar com Ele tinha algumas coisas que eu não entendia. Por exemplo quando Ele disse que eu tinha que amar meus inimigos, estranho isso, porque o profeta Isaías tinha dito que nós seríamos recompensados e nossos inimigos seriam julgados, haveria um juízo sobre eles, mas, tudo bem, eu deixava isto de lado.

Certa vez solicitei à minha mãe que pedisse para que eu e meu irmão pudéssemos ficar assentados ao lado Dele quando iniciasse seu reinado.

Estranhei um pouco quando Ele disse que isto não seria possível e que deveríamos todos ser iguais, sem hierarquias, sem um governante, porque, segundo Ele o mundo tem governantes, conosco seria diferente.

Às vezes não dava para engolir seus ideais.

Aprendi muita coisa com Ele.

Ele nos mostrou que amar A Deus e ao próximo era a essência de sua mensagem.

Eu comecei a viver conforme Ele falava.

Deixei de ir à sinagoga para os encontros judaicos e passei a ir apenas para anunciar o Messias.

Imaginei que não encontraria jamais uma pessoa como Ele, que falava diretamente com Deus.

Ao final de três anos ele foi morto.

Três dias depois de sua morte recebemos a informação de que tinha ressuscitado, eu não acreditei naquilo, mas, preferi deixar acontecer.

Nós nos trancamos em casa, choramos até quase perder os sentidos, e, de repente, tivemos uma visão coletiva, ali estava Ele.

Nos lembramos de ter ouvido algumas instruções.

Mas, depois que nos deixou, nos sentimos sem direção, nos sentimos novamente sós.

Com Ele era diferente, e agora, como seria?

Ele não nos tornou líderes, ele nos tornou discípulos, nós dependíamos Dele.

Na verdade, o que queríamos era alguém que nos liderasse.
Alguém que dissesse o que a gente devia fazer.

Ficamos sem saber o que fazer.

Pouco tempo depois, ouvi dizer de um cara que tinha se intitulado o 13º Discípulo.

Eu já tinha ouvido falar dele, mas, não era coisa boa.

Ele mandou matar alguns amigos meus.

Me disseram que ele tinha encontrado o mestre.

A princípio eu não acreditei, mas, ao nos encontrarmos com ele vi que ele falava com eloquência.

Não era possível que um homem tão convicto do que falava estivesse errado.

Nós ouvimos ele e, ele começou a nos falar coisas que o mestre nunca havia dito.

Ele tinha pulso forte, era o que a gente esperava do mestre.

Até acho que o mestre deve ter escolhido este cara para fazer o que Ele não podia fazer, devido ao fato de ser filho de Deus.
 
Por exemplo, as mulheres não tem muito espaço em nossa sociedade, somos uma sociedade patriarcal.
O mestre dava muita atenção às mulheres e colocava elas em seu ministério.

Este novo discípulo disse que as mulheres deveriam se calar em nossas reuniões.

Ele está dizendo isto em Nome do mestre.

Eu acho que agora, o mestre está iniciando seu reino, agora sim, ele está parecendo com o Messias que a gente esperava.

Eu estive com o mestre durante três anos, depois de sua morte e ressurreição o vimos algumas vezes.

Este novo discípulo parece que fala com Ele todos os dias.

Acho que o mestre ama muito ele.

A gente não concordava com o mestre quando Ele dizia que todos eram iguais, este novo discípulo disse que temos que definir uma hierarquia, definir cargos.

Agora sim, era isto que a gente esperava que o mestre fizesse antes, mas, que bom que ele está usando um novo servo para revelar estas coisas que a gente já queria antes, o mestre é muito bom, não nos abandonou.

Certa vez o mestre havia dito que o que entra em nossa boca não nos consome, mas sim o que sai dela.

Eu não concordava muito porque tem muita coisa que a gente come que faz mal.

O novo discípulo disse pra gente não comer carne perto dos que se escandalizavam e não comiam carne.

Tinha que ter alguma regra sim, sempre foi assim.

O mestre havia dito que o Templo não era necessário, que seria destruído, que Ele era o Templo, que a gente era o Templo.

O novo discípulo diz que temos que nos encontrar em um novo templo, menor, que construímos recentemente com ajuda dele, e que ali era o lugar onde Deus estaria presente.

Gostei muito porque já estava tendo vertigens de ficar reunindo em cavernas, e sepulcros e, em nossas casas, afinal de contas, um lugarzinho aconchegante era tudo que a gente queria, aleluia.

Este novo discípulo me impressiona, recentemente ele disse que qualquer pessoa que surgisse com outra mensagem diferente da dele deve ser considerada maldita.

Sinceramente, agora sinto orgulho em ser cristão.
Às vezes fico pensando se aquele galileu em quem eu costumava reclinar a cabeça sobre seus ombros era realmente o messias, ou se, talvez, o messias não seja Paulo.
Tenho minhas dúvidas quanto a isto porque o que Paulo diz vai muito além do que aprendemos com o mestre, Paulo aparenta ser mais inteligente que o mestre.

João.




Inspirado em diversas conversas entre eu e o Bill, e, para ser mais exato, neste post publicado por ele:
http://noticiasdobill.blogspot.com/2010/05/sobre-discipulos.html

Odlave Sreklow.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada



Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada.
(Yeah, yeah)

Fidel e Pinochet tiram sarro de você que não faz nada.
(Yeah, yeah)

E eu começo a achar normal que algum
boçal atire bombas na embaixada.

(Yeah yeah, Uoh, Uoh)

Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer...

Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada.
(Yeah, Yeah)
Toda forma de conduta se trasforma numa luta armada.
(Uoh Uoh)

A história se repete mas a força deixa a história
mal contada...

Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer...

E o fascismo é fascinante deixa a gente ignorante e fascinada.
É tão fácil ir adiante e se esquecer que a coisa toda tá errada.
Eu presto atenção no que eles dizem mas eles não dizem nada.

Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer...

Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer...

(Yeah Yeah Uoh)...


Toda Forma De Poder
Engenheiros do Hawaii
Composição: Gessinger 

quinta-feira, 13 de maio de 2010

DEUS NÃO TEM ASSESSORES!



Quem guiou o Espírito do Senhor? Ou, como seu conselheiro, o ensinou? Com quem tomou ele conselho para que lhe desse compreensão? Quem o instruiu na vereda do juízo, e lhe ensinou sabedoria, e lhe mostrou o caminho do entendimento? ISAIAS 40. 13-14

Para entendermos o papel de um assessor, basta olharmos para a vida de um político em atividade, o assessor é aquele que conversa, que ouve as petições do povo e as leva ao seu chefe, seja ele o vereador, prefeito ou presidente, o assessor é uma espécie de mediador entre o político e as pessoas, muito difícil é pedir alguma coisa a um político pessoalmente, salvo em época de eleições, assim sendo, o assessor torna-se um conselheiro, um orientador e na maioria dos casos é ele quem determina quais petições deverão ser atendidas, essa é resumidamente a função de uma pessoa que assessora alguém.

A bíblia, todavia, nos diz claramente através dos versículos acima citados que o nosso Deus não tem assessores e nem conselheiros, que não há ninguém tentando fazer a cabeça dele, ele é livre e sabe o que faz, o fato é que muitos pensam de modo contrário a palavra de Deus, eles acham que Deus necessita de “assessores” de instrutores no juízo e na justiça; é grande o número de religiosos e líderes que crêem que para que possamos receber alguma coisa do Senhor temos que conversar primeiro com um assessor, alguém que pensam exercer alguma influência sobre ELE, e olha que segundo a concepção dessas pessoas Deus tem muitos assessores, e que tais assessores também tem uma vontade caprichosa, para que a petição chegue até Deus por exemplo é necessário que se cumpra toda uma liturgia, um rito especial.

Sem falar ainda, que tais “mediadores” não são como clínicos gerais, não, eles obedecem a uma especificidade enorme, uns só devem ser solicitados quando a causa for realmente impossível, outros somente quando alguém deseja se casar, enfim, poderíamos preencher uma lista infindável com todas as suas especialidades, porque são muitas, então segundo alguns, não se deve sair pedindo coisas a qualquer “mediador”, tem que ser aquele que atua naquela área específica, que complicação, que distorção da verdade.

Creio com base na bíblia, que Deus se entristece ao ver que as pessoas podem conversar diretamente com ele e não o fazem, preferem crer em um mediador inexistente, em um conselheiro irreal e em uma fábula criada para iludir e desviar do caminho verdadeiro.
Daniel Alves de Almeida
Estudante de Ciências Contábeis - UNICENTRO/PR
Colunista - Brasil Escola

quarta-feira, 12 de maio de 2010

AGORA QUEREM USAR A MINHA BOCA...



Durante muitos anos todos queriam que eu falasse o que desejasse; qualquer coisa...

Depois de 1998 ninguém queria mais que eu pregasse... Até alguns que viveram a vida toda dizendo que eu tinha que pregar até morrer!... Sim, até eles passaram a dizer que não queriam mais que eu pregasse...
Fiquei quieto por dois anos e meio...
Declarei que não mais me envolveria com o movimento “evangélico” a fim de poder viver o Evangelho sem associação com o movimento que leva o nome da qualidade do Evangelho [evangélico] — a fim de não me identificar com algo que era um estelionato em relação ao Evangelho.


Então me chamaram de anticristo, de sedutor, de adultero, de desviado, de apostata, de traidor, de tudo o que não presta... Demônio era o tratamento mais comum entre 1999 e 2003.

Depois foi um dilúvio de cartas, sim, tão logo iniciei meu site...

Os temas eram as taras dos crentes: pastores, suas esposas, líderes, e todo tipo de gente; basta ver as milhares de cartas no meu site.

A “igreja” que me acusava de ter me divorciado e de ter me tornado adultero em razão disso, agora, anos depois, quando milhares e milhares me lêem e vêem todos os dias, tanto no site quanto da Vem&Vê TV, escrevem-se dizendo como devo usar a minha influência para ajudar os evangélicos.

E mais: agora querem que eu não diga mais o que sempre disse; e que eles usavam para, depois de 1998 [antes nunca...], justificar a minha apostasia da fé... Como agora milhares e milhares me lêem, ouvem e assistem todos os dias, querem me usar para que a igreja evangélica não seja vista como ela é...

Mas eu não tenho mais o que dar...

Hoje, no Papo de Graça, mostrei um documentário no qual um homem possuído pelo diabo buscou ajuda nas igrejas e não achou; veio a ser liberto por uma menina simples, mas que cria em Jesus de verdade. Como o homem do documentário disse que foi a todas as igrejas e ninguém se dispôs a ajudá-lo ou a visitá-lo..., um crente que assistia o Papo ficou zangado...

Ora, ao fim do documentário ele, o crente zangado, escreveu no espaço de interatividade do site da Vem&Vê TV que o documentário era tendencioso, pois deixava a igreja numa posição negativa...
Fiquei chocado...

Tudo no documentário exaltava a Jesus, mas o moço crente não se alegrou com a libertação que Jesus trouxe ao homem, e somente se doeu ente o fato de que a igreja foi mostrada de modo negativo; o que nada mais era do que fato verdade dado aos fatos expostos...

Quanto mais vejo e observo [...] mais vejo que a “Igreja” é o “Deus” de grande parte dos crentes!

São “idolatras” da “igreja”!

Até Jesus só pode ser glorificado se a “igreja” for também!

Sim, Jesus não tem glória ante os olhos dos crentes se a “igreja” não for glorificada junto...

E o pior é que os “cabeças” da “igreja” pensam assim e ensinam que assim seja...

Como diz o Salmo há aqueles que são como serpentes venenosas que não aceitam ouvir o canto do encantador que as levaria a não morderem com veneno...

Quando Jesus voltar encontrará muita crença na “igreja”, mas nenhuma fé Nele mesmo!

Até quando Senhor?

Mas não descansarei...

Pregarei até o dia do meu fim como voz nesse mundo!

Nenhum homem calará a minha boca...

Senhor, minha boca está aberta; enche-a com a Tua Palavra!

Nele,

Caio
10 de maio de 2010
Lago Norte
Brasília
DF


CARTA AOS IGREJADOS




Na verdade não chega a ser uma carta. Mas apenas umas poucas frases, em virtude de coisas que tenho lido por aí, supostamente ligando as pessoas que não frequentam instituições religiosas, e preferem viver uma fé simples e a comunhão simples com outras pessoas, a desejos de viver de forma desregrada, levar a vida do jeito que bem entendem, e outras acusações.

Para os defensores da igreja enquanto instituição (e que fazem isso por terem interesse na continuidade desse sistema institucional, porque são sustentados por ele), que dizem que a igreja como instituição foi criada por Jesus: o que é igreja? Pessoas de mesma fé em comunhão. Só isso. Pra que complicar, dizendo que isso inclui a instituição, o prédio construído de tal e qual forma, seus dogmas, seu cerimonial de culto, e etc? Isso não é verdade. O que Deus criou foi um corpo de pessoas em comunhão em nome de uma mesma fé, e não necessariamente uma instituição. Lugar de comunhão não é só o templo ou um prédio com placa de igreja na frente, embora haja muitas pessoas que não saberiam o que fazer se as paredes da igreja caíssem.

A igreja enquanto instituição tem seu papel? E então porque vemos tantas pessoas frequentando igrejas e templos, mas tão poucos cristãos? Ser cristão não é ser imitador de Jesus? Praticante do que ele ensinou? Crente tem aos montes, frequentador de igreja, milhares. Mas todos são seguidores de Jesus? Então nosso país pelo menos, devia ser um lugar bem melhor de se viver.

A instituição é o lugar onde a Palavra é pregada? Sim, é pregada, mas não necessariamente é cumprida e obedecida por quem ouve domingo após domingo, ano após ano. Em muitas instituições, ela não é obedecida nem por quem prega, quem dirá por quem ouve. Você finge que prega e finge que vive o que prega, e eu finjo que escuto e finjo que vivo o que ouço.

A principal característica da igreja de Cristo é o amor. Mas não necessariamente é a principal característica das instituições religiosas. Quantas e quantas pessoas adentraram essas instituições em busca desse amor que supostamente deveria existir ali dentro, e não encontraram?

A igreja de Cristo não são as instituições ou os prédios, mas um corpo de pessoas. Não necessariamente encontramos esse corpo de pessoas, prontas a expressar o amor de Cristo, dentro de instituições e prédios com nome de igreja. Portanto, dizer que a igreja de Cristo não pode existir sem as instituições, e que não fazer parte delas impede a pessoa de ser cristã, é uma inverdade.

Assim como acusar, sem fundamento, pessoas que optaram por não fazer parte de instituições, como se o fizessem apenas para poder permanecer pecando e vivendo como bem entendem, é outra inverdade. Pessoas vivendo como bem entendem, sem se preocupar com o próximo e dando péssimos testemunhos de vida, também são encontradas aos montes dentro das instituições, talvez em número bem maior dentro delas do que fora, e nem precisa procurar muito para enxergar isso.

Se você defende as instituições religiosas porque é pastor, ou tem um cargo qualquer e é sustentado pela instituição, está advogando, na verdade, em seu próprio interesse, e não no interesse da verdadeira igreja de Cristo.

Todos os “desigrejados” que conheci e conheço, são pessoas sinceras, com um único desejo: seguir Jesus, da melhor forma possível, com todo o coração. Pecadores? Sem dúvida, pecadores exatamente iguais aos que estão dentro das instituições religiosas. Mas nunca, pessoas que o fazem porque querem viver com bem entendem. Pode ser que haja pessoas assim, mas não entre os que eu conheço.


Portanto, melhorem a argumentação, quando forem tentar supostamente lançar dúvidas sobre a sinceridade e intenções daqueles que escolhem viver livres das instituições religiosas, dos seus conchavos, do seu fingimento, da sua burocracia, e em muitos casos, de um jugo pesado, bem diferente do de Cristo. Jesus não está preso dentro dos templos, e isso é um fato. Ainda não nasceu homem que seja capaz de enclausurar Jesus dentro de um templo qualquer, e obrigar as pessoas a entrar, se quiserem seguir Jesus. Jesus é o caminho, só. O templo, é um acessório, não obrigatório; muitas vezes, existe apenas por questão de comodidade.

Você não precisa concordar com a opção dessas pessoas desigrejadas, mas como elas são cristãs como você, discípulos de Jesus como quaisquer outros, você tem o dever de aceitá-las como seus irmãos em Cristo, exatamente como os membros e frequentadores da sua instituição. Se você não faz isso, o errado é você.

Não estou incentivando ninguém a abandonar suas instituições religiosas. Se você frequenta alguma, faz parte de uma e se sente bem, ótimo. Mas nem todas as pessoas pensam o mesmo. E tanto os desigrejados como os igrejados, deveriam se tratar como irmãos. Porque não é o prédio, não é a denominação, não é o templo que faz o cristão. É a fé.

Pensem nisso…

Escrito por Andrea.

Fonte: Nada de novo sob o sol

GRIPE ESPIRITUAL…: A GRIPE CRENTINA…



Gripe é uma desgraça… Não mata mais [pelo menos as gripes normais], mas, não deixa você viver também.

Quase todos os estados de enfermidade, exceto aqueles terminais, incomodam muito menos do que o sintoma da gripe, que, hoje, não nos aflige apenas porque se sabe que “gripe é normal”, pois, incomoda..., mas já não mata.

Entretanto, retirando-se a certeza psicológica resultante da experiência de quase 100 anos com o fato de que as gripes em geral apenas incomodam, mas não matam, é que se vive a gripe apenas com os gemidos de seu desconforto, do nariz escorrendo, das juntas quebradas, do corpo doendo como se você tivesse brigado na rua, com os olhos escorrendo, com a cabeça oca, com um desânimo de morte, e, sobretudo, com um travamento até no fluxo do pensar, cansado de tudo, até de pensar...


Existe, todavia, um estado gripal/espiritual, que é a doença mais comum dos crentes.

Não mata, mas ferra a existência...

A maioria dos crentes que eu conheço vive espiritualmente gripada.

É dor, desconforto, cansaço, corrimento, juntas quebradas, falta de ânimo, e uma total má vontade com tudo quanto seja trabalho...

Os sintomas da gripe no crente são os seguintes:

Falta de esperança;
Medo de morrer;
Angústia em relação a Deus;
Necessidade dos chás da vovó “igreja”;
Cinismo quanto ao fato que o normal da vida não é viver gripado;
Imunidade baixíssima, daí a gripe nunca ir embora...

E mais:

O lugar mais impregnado de gripe de crente é o ambiente da “igreja”.

Lá é uma câmera de gripe crentina.

O cara entra até bem..., mas logo começa a coriza e, logo depois, os espirros... Então vem a febre alta, e, com ela, os delírios...

O fato é que dentre as gripes, contando a aviária, a suína e outras, nenhuma delas mata mais gente do que a gripe crentina, pois, de fato, seu vírus é resistente a quase tudo, e, em muitos casos, está desenvolvendo resistência até mesmo ao Evangelho.

O estado perene da gripe, quando ela não cede mais, gera a evolução do quadro, de modo que o crente que sofre da gripe crentina acaba desenvolvendo a gripe cretina...

O que pode nos salvar deste estado á apenas vitamina C e cama...

Cristo e cama, só que de joelhos ao lado dela!

Pare a agitação... Descanse e beba de Cristo...

Ele é a cura para esse estado que não mata e não deixa viver!

Nele, que nunca gripou,

Caio



Fonte: www.caiofabio.net

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Quem está certo?


Fonte: Um sábado Qualquer

Odlave Sreklow.

Maria, Maria, que barriga é esta?



Vou lhe contar um pouco de minha história.

Me chamo Maria e faço parte de uma tribo de costumes bem conservadores.

Meu pai disse que sou descendente de um grande rei do nosso povo.

Desde cedo meu pai já tinha escolhido meu marido.

Ele dizia que tinha que ser gente da mesma família, a gente não podia se misturar com outros povos.

Nossa tribo tinha sido invadida e estávamos vivendo como escravos.

Mas nossos dominadores não nos castigavam como ouço dizer que nosso povo sofreu no passado.

Eles deixavam a gente viver em paz, contanto que pagássemos impostos a eles.

Eu não amava o homem que ele tinha escolhido para ser meu marido, nós éramos muito amigos.

Meu coração era de outro homem e meu futuro marido sabia disto.

Era um amor proibido, ele era um soldado inimigo.

A gente se encontrava escondido.

Não conseguia ficar mais de uma semana sem o ver.

O desejo me consumia.

Era costume de meu povo que as mulheres somente se deitassem com um homem após o casamento.

Mas eu não consegui.

Era muito bom, porém, bastante perigoso.

Certo dia comecei a passar mal, fui à casa de minha melhor amiga, e, ela me disse que o que eu estava sentido só podia ser sinal de gravidez, meu Deus.

Logo depois recebi a mensagem de que meu amado havia sido morto em batalha.


Nós tínhamos planejado fugir antes disto acontecer.

E agora?

Que loucura, meu pai vai mandar me apedrejarem.

O que fazer agora?

Foi então que, em um de nossos encontros religiosos eu ouvi nosso líder espiritual dizer a seguinte frase: "Nosso messias nascerá de uma virgem".

Eu pensei que, se isto está escrito e todo mundo acreditava, então, não tinha porque não acreditarem se eu falasse que nunca me deitei com nenhum homem e estava grávida.

Recorri a meu maior amigo, meu noivo. Conversei com ele, que me deu um grande apoio.

Nos afligimos juntos, choramos junto.

Eu tinha medo de um castigo dos deuses por nossa mentira.

Ficamos perturbados mentalmente, quando fui dormir chorei ao ponto de ficar "fora de si". Tive um sonho, onde um ser celestial dizia que o filho era dele. Pensei até que era meu amado falecido, mas, relembrando o semblante não tinha como ser ele.

No outro dia me encontrei com meu noivo, ele me disse que também ficou meio desacordado devido ao cansaço de sua mente. Me falou que pensou em sumir e me deixar sozinha. Porém ele também teve um sonho com um anjo para não me deixar e me ajudar com este problema.

A solução surgira, meu filho é o messias esperado.

Eu afirmei isto de tal forma que já estava acreditando que realmente ele foi gerado na minha virgindade, inclusive meu noivo, a quem passei a chamar de marido. Porque nos casamos rapidamente.

O menino foi crescendo e, a gente sempre falando que ele era o messias e veio para salvar a humanidade.

Ele levou muito a sério isto e saiu para anunciar sua missão na terra.

Começou a falar e fazer coisas que eu nunca havia visto antes.

Algum tempo depois aconteceu o que eu temia.

Meu filho foi assassinado por mãos do povo de seu pai.

Ele morreu sem saber qual sua verdadeira descendência.

Ele morreu fazendo o que mais gostava, fazendo o bem.

Eu me chamo Maria, esta é minha história.

Qualquer semelhança é mera coincidência, eu garanto.

Crônica de

Odlave Sreklow.

domingo, 9 de maio de 2010

IMPÉRIO DO MEDO



No tempo em que eram construídas as primeiras catedrais góticas, nas regiões montanhosas da antiga Gália, aconteceu um episódio horrível que marcou a vida e crendice dos camponeses por várias gerações, pois, morava nas florestas um homem tido como bruxo, que de tempos em tempos descia para as praças da cidade para despregar tudo os que os monges ensinavam sob orientação do seu bom e velho bispo.
Diziam eles que não convinha à alma dos santos desfrutarem dos prazeres desta vida, mas antes usar a parte destinada de suas rendas às coisas supérfluas para a manutenção do império de Deus nesta terra.

Mas o bruxo, e de fato era bruxo mesmo, pois conversava com as plantas e animais e se automedicava com as ervas milagrosas e exóticas da Terra, não suportava nem ver ser privado do pobre o seu direito aos pequenos deleites e prazeres desta sua única vida na terra.

Isto deixava o bispo numa situação desconfortável, pois, pregando o amor cristão não poderia eliminar aquele que vinha perturbando a seara do Senhor. E assim teve que suportar aquilo esperando ansiosamente descer a vingança divina.

Mas não tinha jeito, o homem que fora acostumado a enfrentar as feras nas florestas para sobreviver, não temia nem um pouco o olhar raivoso dos monges que ele contradizia nas suas "aparições esporádicas" entre o povo.

Mas aconteceu que um dia, estando na floresta machucado e exausto, pelas sucessivas lutas arriscadas que travava para sobreviver entre os bichos e a fúria da natureza, foi surpreendido por uma ursa inconsolada que o despedaçou.

Aquilo causou um temor e terror em cadeia entre o povo sem precedentes, pois as suas partes foram encontradas em vários lugares daquela região. Estava feito, a superstição prevaleceria sobre a razão, e ninguém mais em muito tempo ousaria se levantar contra a santa madre igreja.

E assim depois de algum tempo o velho octogenário, cercado de médicos e soldados, e sempre alimentado pelas melhores e mais saudáveis comidas, morreu dormindo, gordo e feliz abraçado num travesseiro de plumas de aves raras na suíte máster de seu castelo.
 

Gresder Sil



Inspirado na morte trágica do Pai de meu amigo nordestino e poeta assembleiano: Levi Bronzeado, a qual foi tida pelos irmãos como castigo de Deus pelas suas “heresias”.

E como eu não sou bobo e não perco vigem serve para mim também como uma espécie de “epitáfio” ou “justificação” (explicação psico-sociológica) caso minha morte seja prematura ou ignominiosa, já que “decidi” viver em Todos os sentidos uma vida de alto risco, não buscando mais a imunidade “divina” privilegiada. Que está supostamente reservada somente para os santos bem-aventurados, e da qual não desfruta o resto da humanidade a que pertenço e me solidarizo até a morte como criatura do mesmo e Único Deus indomesticável.

Detalhe: o bispo não é uma indireta a alguma pessoa real, mas apenas um arquétipo de pessoas religiosas que naturalmente vão morrer velhas, seguras e honradas por seguirem as boas crenças que professam e não viverem na intensidade, tensão e periculosidade de quem anda na contramão.




Fonte: Cristianismo a-religioso http://cristianismoa-religioso.blogspot.com/2010/05/imperio-do-medo.html


Odlave Sreklow.