segunda-feira, 21 de junho de 2010

Desculpe Senhor mas, pegamos tua mulher em adultério



Era uma grande festa, minha mãe chegou e disse que o vinho tinha acabado, todos estavam muito felizes, eu nunca tinha dado uma festa assim.

Minha mulher me fora dada por negociação de meu pai com o pai dela.

Eu não gostava dela, mas tinha que ser assim, sempre foi assim.

Vivia em uma sociedade dominadora, onde os homens eram "donos" de suas esposas.

Ali estava eu, recebendo minha mercadoria, logo eu que sempre falei em igualdade social.

Eu não estava preocupado com o fim da bebida, mandei pegar os jarros da água da purificação que também era usada somente por costume e enchi-os com o melhor vinho.

Estavam tão alegres que disseram que eu tinha transformado a água em vinho.

Algum tempo depois eu estava sentado na praça da cidade tentando entender porque a ganância e a ignorância havia tomado conta de meu povo.

Foi quando vi um grupo vindo ao longe, eram aproximadamente trinta pessoas.

Traziam uma mulher.

Ao chegarem me disseram: "Senhor, pegamos tua mulher em adultério e como o Senhor é o dono dela queremos saber se vai cumprir o que está dito, pois, segundo a lei ela tem que ser apedrejada".

Fiquei um tempo pensando, aquela mulher não era propriedade minha, não era justo vivermos junto porque fomos obrigados pelos nossos pais. Os dotes pagos não valem a vida dela. Eu não posso aceitar esta sociedade dominadora que quer que eu a aprisione.

Não, ela é livre, livre para fazer o que quiser, aquilo que sua consciência mandar.

Então eu disse: "Amigos, porque também não apedrejam o homem que deitou-se com ela? Por acaso ele também não deveria receber o mesmo castigo? Porventura eu a coloquei no mundo para ser seu dono? Não, ela é livre, não podemos escravizar as mulheres. Não podemos tratá-las com animais. Aquele de vós que não tendes pecado pode matá-la, mas saiba que receberás a mesma condenação, porque a mesma escritura que diz que ela deve ser morta também diz que não podemos matar."

Assim aqueles homens foram saindo um após o outro e nada puderam fazer.

Eu peguei em sua mão e fui caminhando para casa e disse a ela: "você só precisa vir comigo se for por vontade própria, você não é um produto adquirido no mercado e nem um campo comprado".

E assim Ele a libertou e ambos seguiram seus próprios caminhos.

(Apenas mais uma história qualquer)

Imagem: O Faroleiro

Odlave Sreklow.

2 comentários:

  1. Prezado Odlave


    Achei interessante essa tua parábola do pai que comprou uma mulher para servir sexualmente ao filho.
    Que cara bacana rapaz, só sendo filho de Deus mesmo, para devolver a liberdade a pobre muilher que estava servindo de objeto nas mãos de quem ela não amava.

    Releitura, releitura... Que venham mais desconstruções de fundo bíblico, para substituir a mamadeira por comida sólida. (rsrsrs)

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  2. Grande Levi,

    Cada texto vem como uma tentativa de utilizar alguns costumes em seu desenrolar.

    Esta questão do casamento arranjado ainda persiste em alguns grupos de nossa sociedade.

    Abraços,

    Odlave Sreklow.

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