"Não é o bastante ver que um jardim é bonito sem ter que acreditar também que há fadas escondidas nele?" In memoriam Douglas Adams (1952-2001)
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Maria, Maria, que barriga é esta?
Vou lhe contar um pouco de minha história.
Me chamo Maria e faço parte de uma tribo de costumes bem conservadores.
Meu pai disse que sou descendente de um grande rei do nosso povo.
Desde cedo meu pai já tinha escolhido meu marido.
Ele dizia que tinha que ser gente da mesma família, a gente não podia se misturar com outros povos.
Nossa tribo tinha sido invadida e estávamos vivendo como escravos.
Mas nossos dominadores não nos castigavam como ouço dizer que nosso povo sofreu no passado.
Eles deixavam a gente viver em paz, contanto que pagássemos impostos a eles.
Eu não amava o homem que ele tinha escolhido para ser meu marido, nós éramos muito amigos.
Meu coração era de outro homem e meu futuro marido sabia disto.
Era um amor proibido, ele era um soldado inimigo.
A gente se encontrava escondido.
Não conseguia ficar mais de uma semana sem o ver.
O desejo me consumia.
Era costume de meu povo que as mulheres somente se deitassem com um homem após o casamento.
Mas eu não consegui.
Era muito bom, porém, bastante perigoso.
Certo dia comecei a passar mal, fui à casa de minha melhor amiga, e, ela me disse que o que eu estava sentido só podia ser sinal de gravidez, meu Deus.
Logo depois recebi a mensagem de que meu amado havia sido morto em batalha.
Nós tínhamos planejado fugir antes disto acontecer.
E agora?
Que loucura, meu pai vai mandar me apedrejarem.
O que fazer agora?
Foi então que, em um de nossos encontros religiosos eu ouvi nosso líder espiritual dizer a seguinte frase: "Nosso messias nascerá de uma virgem".
Eu pensei que, se isto está escrito e todo mundo acreditava, então, não tinha porque não acreditarem se eu falasse que nunca me deitei com nenhum homem e estava grávida.
Recorri a meu maior amigo, meu noivo. Conversei com ele, que me deu um grande apoio.
Nos afligimos juntos, choramos junto.
Eu tinha medo de um castigo dos deuses por nossa mentira.
Ficamos perturbados mentalmente, quando fui dormir chorei ao ponto de ficar "fora de si". Tive um sonho, onde um ser celestial dizia que o filho era dele. Pensei até que era meu amado falecido, mas, relembrando o semblante não tinha como ser ele.
No outro dia me encontrei com meu noivo, ele me disse que também ficou meio desacordado devido ao cansaço de sua mente. Me falou que pensou em sumir e me deixar sozinha. Porém ele também teve um sonho com um anjo para não me deixar e me ajudar com este problema.
A solução surgira, meu filho é o messias esperado.
Eu afirmei isto de tal forma que já estava acreditando que realmente ele foi gerado na minha virgindade, inclusive meu noivo, a quem passei a chamar de marido. Porque nos casamos rapidamente.
O menino foi crescendo e, a gente sempre falando que ele era o messias e veio para salvar a humanidade.
Ele levou muito a sério isto e saiu para anunciar sua missão na terra.
Começou a falar e fazer coisas que eu nunca havia visto antes.
Algum tempo depois aconteceu o que eu temia.
Meu filho foi assassinado por mãos do povo de seu pai.
Ele morreu sem saber qual sua verdadeira descendência.
Ele morreu fazendo o que mais gostava, fazendo o bem.
Eu me chamo Maria, esta é minha história.
Qualquer semelhança é mera coincidência, eu garanto.
Crônica de
Odlave Sreklow.
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Odlave, Odlave, já pensou se o Ednelson lê esse texto? Ele vai pirar e te entregar nas mãos de Satanás para que você sofra na carne para que talvez, seu espírito seja salvo...
ResponderExcluirAliás, corria uma estória parecida com essa nos tempos pós apostólicos. O nome do amado de Maria era Pantera!!!
Mas como você garante que a semelhança é mera coincidência.....heee
Na realidade Edu, é a Maria quem está garantindo, eu, equivocadamente pintei a frase de azul, mas, é pretinha, rsrs.
ResponderExcluirAbraços.
Odlave Sreklow.
Odlave Odlave!
ResponderExcluir"Por que me persegues!"
(rsrsrs)
Sensacional o teu poético ensaio.
A minha intenção é essa:
Ir aos poucos realizando uma releitura dos evangelhos apócrifos, visando com isso, passar para os leitores uma história mais humana e humorada sobre o início da Era Cristã.
Talvez assim, muitos se aproximem da humanidade de Jesus.
Um forte abraço,
Levi B. Santos