segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

...quando a ignorância é felicidade, É loucura ser sábio.




Texto retirado do livro "O mundo assombrado pelos demônios"  de Carl Sagan. (Em azul).

Em preto, comentários do mortal administrador deste Blog.

Certa vez escreveu o poeta Thomas Gray:
"...where ignorance is bliss,
'Tis folly to be wise"
[...quando a ignorância é felicidade, 
É loucura ser sábio]


É desanimador descobrir a corrupção e a incompetência governamentais, por exemplo, mas será melhor não saber a respeito?
A que interesses a ignorância serve? Se nós, humanos, temos uma propensão hereditária a odiar os estranhos, o único antídoto não é o autoconhecimento?
Se ansiamos por acreditar que as estrelas se levantam e se põem para nós, que somos a razão da existência do Universo, a ciência nos presta um desserviço esvaziando nossa presunção?

Analisando a visão cética de Carl quanto aos fatores aceitáveis da sociedade, simplesmente pelo fato de "não altere o que já está posto", imagino quanto fui iludido em toda minha vida, principalmente, digamos que em se tratando da vida "evangélica". Nesta fase me deparei com muitos casos em que as explicações dadas a mim era aceitar as coisas como eram, sem querer explicações ou querer mudar aquilo que já existia. Realmente é desanimador, é desconcertante para as pessoas quando alguém conclui cientificamente que ela não é o centro de todas as coisas, que o mundo não gira ao redor dela. A realidade torna-se sofrível para muitas pessoas.

Para mim, é muito melhor compreender o Universo como ele realmente é do que persistir no engano, por mais satisfatório e tranquilizador que possa ser.

Qual dessas atitudes se presta melhor à nossa sobrevivência a longo prazo? Qual nos dá maior poder de influenciar o futuro? E se a nossa autoconfiança ingênua é um pouco mimada no processo, isso é uma perda assim tão grande? Não há razões para acolhê-la como uma experiência de amadurecimento e formação de caráter?

Descobrir que o Universo tem cerca de 8 bilhões a 15 bilhões de anos, em vez de 6 a 12 mil anos (como acreditam os criacionistas), aumenta a nossa apreciação de sua extensão e grandiosidade; descobrir, como agora parece provável, que o nosso planeta é um dentre bilhões de outros mundos na galáxia da Via Láctea, e que a nossa galáxia é uma dentre bilhões de outras, expande majestosamente a arena do que é possível;

Realmente, a religião, principalmente os teólogos cristãos criacionistas querem provar que a terra tem uma idade menor do que a ciência já comprovou, tudo baseado na visão judaica de criação. A Bíblia não se propõe a apresentar detalhes da idade da terra ou qualquer outra coisa do tipo, os teólogos é que querem afirmar esta coisa de forma infantil e baseada tão somente em fé.

Evidentemente, não há retorno possível. Querendo ou não, estamos presos à ciência. Quando chegarmos a compreendê-la e reconhecermos plenamente a sua beleza e o seu poder, veremos que, tanto nas questões espirituais como nas práticas, fizemos um negócio muito vantajoso para nós.

Sim, o mundo seria um lugar muito mais interessante se houvesse UFOS escondidos nas águas profundas, perto das Bermudas, devorando os navios e aviões, ou se os mortos pudessem controlar as nossas mãos e nos escrever mensagens. Seria fascinante se os adolescentes fossem capazes de tirar o telefone do gancho apenas com o pensamento, ou se nossos sonhos vaticinassem acuradamente o futuro com uma frequência que não pudesse ser atribuída ao acaso e ao nosso conhecimento do mundo.

Esses são exemplos de pseudociência.

Sim, enquanto as pessoas estiverem acreditando em supostas explicações para fatores diversos, o mundo da pseudociência prevalecerá. Mas, temos muitos cientistas usados por Deus que estão provando o contrário. Porque digo usados por Deus? Porque qualquer prova que me traga à luz a falsidade de fatos que a religião/sociedade impõe ao ser humano como sendo verdadeiros, são à serviço de Deus.


No âmago de algumas pseudociências (e também de algumas religiões) reside a idéia de que é o ato de desejar que dá forma aos acontecimentos. Como seria agradável se pudéssemos, à semelhança do folclore e das histórias infantis, satisfazer os desejos de nosso coração pelo simples ato de desejar. Como é sedutora esta noção, especialmente quando comparada com o trabalho duro e a boa sorte geralmente necessários para concretizar nossas esperanças.

É indistinto o continuum que se estende da ciência mal praticada, pseudociência e superstição até a respeitável religião dos mistérios, baseada na revelação.

Nos casos extremos, é difícil distinguir a pseudociência da religião doutrinária e rígida.

Carl sabia exatamente do que estava falando quando diz que muitos estão sendo ensinados que basta desejar e pedir que acontece. Muitas pessoas estão querendo este "bem-bom" de qualquer forma, nos meus dias, vejo multidões adentrando as famosas "igrejas" procurando esta "vida fácil" de negociatas com Deus.

Se nos recusamos radicalmente a reconhecer em que pontos somos propensos a cair em erro, podemos ter quase certeza de que o erro nos acompanhará para sempre. Mas, se somos capazes de uma pequena auto-avaliação corajosa, quaisquer que sejam as reflexões tristes que possa provocar, as nossas chances melhoram muito.

O físico britânico Michael Faraday alertou contra a tentação poderosa
de procurar as evidências que estão a favor de nossos desejos, e desconsiderar as que lhes fazem oposição [...]. Acolhemos com boa vontade o que concorda com nossas idéias, assim como resistimos com desgosto ao que se opõe a nós, enquanto todo preceito de bom senso exige exatamente o oposto.

A crítica válida presta um favor ao cientista.

A maioria das igrejas possuidoras de revelações se recusam a reconhecer que existem erros em suas idealizações, se recusam a assumir que estão utilizando uma pseudociência em nome de Deus para enganar as pessoas. Estão sempre afirmando sua infalibilidade, porém, o que se vê, não é exatamente isto.
Eu creio que chegará o dia em que as pessoas perderão o medo de quebrar paradigmas e quebrar correntes de idéias e doutrinas criadas para o bem-estar de indivíduos que se auto-intitulam portadores da verdade e sabedoria divida.


Odlave Sreklow.

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