Quando nascemos, devido ao fato de sermos um organismo complexo e vivo, já temos algumas ações comuns a todos seres de nossa espécie.
Choramos, sim, choramos, nos prendemos ao bico do peito da fêmea que nos gerou e sugamos, porque instintamente é dali que receberemos vida.
O tempo vai passando, nós vamos nos desenvolvendo, crescendo, olhamos ao redor, descobrimos coisas, sem mesmo sabermos o porquê de tais coisas, estamos inseridos em uma cultura, aprendemos hábitos com nossos próximos.
Dependendo da cultura, da região, da religião, nos tornamos similares àqueles que nos precedem.
Se observarmos de uma maneira mais local e minimizada, podemos ver isto não muito longe, na nossa própria relação familiar.
É comum começarmos a comparar a forma diferenciada até entre pessoas da mesma cultura, por exemplo, quando analisamos comportamentos e situação financeira dos nossos pais e dos pais de outras crianças.
Se nossos pais não nos tratam bem e vemos os pais de um amigo tratando-o com carinho, já percebemos uma diferença nas pessoas, mesmo que façam parte de uma mesma cultura (praticamente).
A maioria dos indivíduos, tem uma visão do que seja "normal" como sendo apenas o formato que adquiriu em sua existência.
Ao se depararem com outras culturas, tem as mesmas como fora do "normal".
Por exemplo, Brasileiro adora churrasco, já os Indianos, possuem o boi como um animal sagrado.
Na visão do Brasileiro, esta definição dos Indianos é equivocada, olhando pelo ponto de vista cultural Indiano, nós somos os errados.
A realidade é que cada indivíduo acredita que sua maneira de viver e ver o mundo foi adquirida por si só, porém, não é assim, nós adquirimos de terceiros, nós adquirimos culturalmente através daqueles que nos ensinaram, ou, daqueles que nós observamos e convivemos.
A idéia de que, o povo à qual faço parte é superior a outros povos, sempre existiu na sociedade, até nas mais remotas tribos indígenas.
Sempre existiram agrupamenos de pessoas que se colocavam como "os iluminados", "os escolhidos", "os que haviam encontrado um segredo que ninguém mais conhecia", "os tais", e estes grupos sempre menosprezaram os que não faziam parte com eles, os colocando na posição de inferiores.
Isto chama-se etnocentrismo.
Veja um texto de Roque de Barros Laraia retirado do livro "Cultura - Um conceito antropológico":
"O etnocentrismo, de fato, é um fenômeno universal.
É comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo a sua única expressão. As autodenominações de diferentes grupos refletem este ponto de vista.
Os Cheyene, índios das planícies norte-americanas, se autodenominavam "os entes humanos"; os Akuáwa, grupo Tupi do Sul do Pará, consideram-se "os homens"; os esquimós também se denominam "os homens"; da mesma forma que os Navajo se intitulavam "o povo". Os australianos chamavam as roupas de "peles de fantasmas", pois não acreditavam que os ingleses fossem parte da
humanidade; e os nossos Xavante acreditam que o seu território tribal está situado bem no centro do mundo. É comum assim a crença no povo eleito, predestinado por seres sobrenaturais para ser superior aos demais. Tais crenças contêm o germe do racismo, da intolerância, e, frequentemente, são utilizadas para justificar a violência praticada contra os outros.
A dicotomia "nós e os outros" expressa em níveis diferentes essa tendência. Dentro de uma mesma sociedade, a divisão ocorre sob a forma de parentes e não-parentes. Os primeiros são melhores por definição e recebem um tratamento diferenciado. A projeção desta dicotomia para o plano extragrupal resulta nas manifestações nacionalistas ou formas mais extremadas de xenofobia.
O ponto fundamental de referência não é a humanidade, mas o grupo. Daí a reação, ou pelo menos a estranheza, em relação aos estrangeiros. A chegada de um estranho em determinadas comunidades pode ser considerada como a quebra da ordem social ou sobrenatural. Os Xamã Suruí (índios Tupi do Pará) defumam com seus grandes charutos rituais os primeiros visitantes da aldeia, a fim de purificá-los e torná-los inofensivos.
O costume de discriminar os que são diferentes, porque pertencem a outro grupo, pode ser encontrado mesmo dentro de uma sociedade."
É comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo a sua única expressão. As autodenominações de diferentes grupos refletem este ponto de vista.
Os Cheyene, índios das planícies norte-americanas, se autodenominavam "os entes humanos"; os Akuáwa, grupo Tupi do Sul do Pará, consideram-se "os homens"; os esquimós também se denominam "os homens"; da mesma forma que os Navajo se intitulavam "o povo". Os australianos chamavam as roupas de "peles de fantasmas", pois não acreditavam que os ingleses fossem parte da
humanidade; e os nossos Xavante acreditam que o seu território tribal está situado bem no centro do mundo. É comum assim a crença no povo eleito, predestinado por seres sobrenaturais para ser superior aos demais. Tais crenças contêm o germe do racismo, da intolerância, e, frequentemente, são utilizadas para justificar a violência praticada contra os outros.
A dicotomia "nós e os outros" expressa em níveis diferentes essa tendência. Dentro de uma mesma sociedade, a divisão ocorre sob a forma de parentes e não-parentes. Os primeiros são melhores por definição e recebem um tratamento diferenciado. A projeção desta dicotomia para o plano extragrupal resulta nas manifestações nacionalistas ou formas mais extremadas de xenofobia.
O ponto fundamental de referência não é a humanidade, mas o grupo. Daí a reação, ou pelo menos a estranheza, em relação aos estrangeiros. A chegada de um estranho em determinadas comunidades pode ser considerada como a quebra da ordem social ou sobrenatural. Os Xamã Suruí (índios Tupi do Pará) defumam com seus grandes charutos rituais os primeiros visitantes da aldeia, a fim de purificá-los e torná-los inofensivos.
O costume de discriminar os que são diferentes, porque pertencem a outro grupo, pode ser encontrado mesmo dentro de uma sociedade."
Quando nascemos somos programados para receber diversos programas que nos conduzirão ao que seremos no futuro, ou seja, somos um organismo que vai se programando aos poucos, nada é pré-formatado.
Existem indivíduos que assimilam tudo da cultura onde vivem, porém, existem os ditos "bastardos" ou "desviados", aqueles indivíduos que são despertados a não aceitar aquilo que tentam dizer que é a normalidade e partem para buscar outros conceitos ou conhecimentos, neste caso, na maioria das vezes a sociedade o discrimina, o agride, tenta destruí-lo, tendo-o como rebelde, louco, ou até mesmo dizendo que tal indivíduo era inferior, por isso não coube em tal ambiente.
Observe a história da humanidade, encontrará diversos exemplos de pessoas que evoluíram, se compararmos ao ambiente onde nasceram e as pessoas com quem conviveram.
Espero ter conseguido escrever o que realmente queria transmitir.
Odlave Sreklow.
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