Separando o Trigo do Joio

Assim que entrei para o rol de membros de uma igreja evangélica, me ensinaram sobre esta parábola dizendo que trigo e joio seriam os membros das igrejas evangélicas e que no dia do arrebatamento Jesus iria fazer separação entre estes dois tipos de pessoas, enviando ao céu as reconhecidas como trigo e lançando no inferno as que seriam o joio.

Utilizavam este argumento por diversas vezes afirmando que “em todas igrejas evangélicas existem pessoas ruins, afinal de contas, o joio está no meio do trigo”.

Sempre afirmando que as pessoas ruins são o joio e as boas, o trigo, dentro da "igreja".
Porém, a "igreja" não mede esforços em pôr o joio para fora.
A "igreja" tem o prazer em fazer esta distinção entre trigo e joio, em fazer a "colheita", transformando a coisa em "colheita maldita".
A "igreja" se acha dona do discernimento entre joio e trigo.
Jesus deixa bem claro que somente Ele sabe o que é joio e trigo.
Esta separação não deve ser feita por nós.
Aí você lê este texto e diz que "nãoooo, a igreja não faz isto não.", pois é, eu vi isto acontecer,  vi um amigo meu ser excluído, ou como disseram ao coitado do joio do meu amigo "você está convidado a não colocar mais os pés na igreja".

Trigo e joio existem em todo mundo, todo planeta, não é limitado a "igreja".

Após minha saída do meio que se diz “evangélico” tenho revisto a maioria dos conceitos que me ensinaram.

Nas linhas a seguir, me atreverei a escrever um pouco sobre esta parábola de Jesus, levando por um outro caminho, fugindo até mesmo à própria explicação de Jesus (deixo isto claro, porque Ele mesmo explicou sobre esta parábola, porém, não somos nós capacitados para identificar o que seja joio ou trigo fora de nós), apenas para fazermos uma análise também sobre o joio e trigo individualmente, gerado por nós mesmos.

Percebi que em muitas parábolas, Jesus estava falando de sua própria mensagem, que era absurda para os judeus daquela época, que não o viam como um Deus, mas, como um mestre ou profeta. Inclusive muitos o tinham simplesmente como um louco, como um filho de belzebu, ou outras atribuições ruins.

Devemos parar de interpretar as coisas na nossa contemporaneidade, temos que regressar à época em que Jesus disse tais coisas. É muito fácil aceitar algumas frases ditas por Jesus nos nossos dias, que sabemos que ele é o Filho de Deus e que ressuscitou, mas, antes de sua crucificação, sua mensagem não tinha sentido, era visto como louco.

Hoje, dois mil anos após sua morte e ressurreição, sabendo que Ele é Deus, fica fácil ler a frase a seguir dita por Jesus e escrita nos Evangelhos “Os seus pais comeram o maná no deserto e morreram, eu sou o pão da vida, aquele que comer deste pão não morrerá, mas terá a vida eterna”, mas, ouvir isto, a dois mil anos atrás e acreditar neste “maluco”, exigia muito de um judeu.

Quando Ele fala sobre a porta estreita e larga, sobre o tesouro escondido, Ele está falando sobre Sua Palavra, Seus ensinamentos, que estariam sempre seguidos de diversos outros ensinamentos, mas, que deveríamos saber o que era Sua vontade e o que era mera ilusão humana (ou de Satanás).

A parábola do trigo e joio, veio após a parábola do semeador. Na primeira, ele menciona sobre a semente que é lançada em diversos tipos de solo e condições. Detalha a forma como as sementes germinariam ou não, e, se germinassem, se iriam chegar a dar frutos. Aqui ele apenas faz uma observação sobre o trigo e o solo onde foi lançado. Tendo como base as condições climáticas e regionais para que a semente germinasse e desse frutos.

Na parábola do trigo e do joio, ele inicia dizendo que o que vem a seguir, era um exemplo de como seria o reino dos céus.

Ele começa dizendo que o Reino do céu é como um homem que semeia boas sementes em sua terra.

O que Jesus fez quando iniciou seu ministério em Israel?

De quem e para quem são todas as coisas?

Jesus, é o dono das terras, as sementes são boas, sua Palavra dura para sempre.

Jesus veio para lançar uma boa semente para aqueles que estavam a beira da sombra da morte.

Sua palavra é lançada na terra para que dê frutos.

Ele é este homem, semeador, muitos hoje se colocam como semeador, a igreja Evangélica principalmente, na maioria das vezes toma o lugar de Jesus e se coloca como “dona das terras”.

Dizendo que a mensagem está sendo pregada e lançada na terra.

Será que nós não conseguimos perceber, que, aquele que quer tomar o lugar de Jesus, e, assim fazendo, enganar as pessoas, é chamado de anti-cristo pelo próprio Jesus?

Aquele que, mesmo que sutilmente, tenta dizer que é o personagem das escrituras, ignorando que Jesus falava de si mesmo, tenta se colocar como mediador entre Deus e os homens, este não está fazendo o bem, mas, muito mal.

Ele continua dizendo, que, certa noite, quando todos dormiam, veio o inimigo, semeou no meio do trigo uma erva ruim chamada joio, em seguida, o inimigo foi embora.

Lendo este texto, você consegue fazer um paralelo com o fato narrado no Gênesis, quando Deus fala para Adão sobre a árvore que não deveria comer?

Por acaso, o mandamento dito por Deus não era bom? Não foi uma semente boa? O cumprimento desta palavra/conselho/mandamento não traria benefícios para Adão?

Porém, quando Adão e Eva estavam despercebidos (praticamente dormindo quanto ao que Deus havia dito), o enganador vem, sorrateiramente e lança o seu joio.

Deus, arranca o joio, quando chega a Adão e Eva, desnudando os dois com a Verdade.

O joio naquele instante foi arrancado, foi removido, e o que prevaleceu para Adão e Eva foi a Verdade, sendo desmascarado o enganador.

A Palavra foi semeada por Jesus em toda Sua vida terrena e após Sua ressurreição.

O enganador, vem, a dois mil anos, lançando o joio no meio do trigo semeado por Jesus.

Ainda no Novo Testamento, a partir do livro de Atos, vemos os discípulos entrando por caminhos totalmente “estranhos” à mensagem de Jesus.

Um exemplo que poderia citar é o momento do levantamento de diáconos.

Jesus deixou bem claro que, o que quisesse ser maior, deveria servir. Jesus pregava a palavra, enquanto alimentava multidões. Jesus mostrou que servir ao Pai era servir ao próximo.

Isso era para ser feito por todo aquele que se tornasse discípulo.

Este era o Caminho daquele que deveria negar a si mesmo.

Jesus disse que não haveriam mestres, não haveriam hierarquias, só serviçais, filhos amados do Pai.

Quando os discípulos percebem que as viúvas gregas não estavam sendo alimentadas, eles decidem separar alguns homens para fazer isto, porque eles estavam sem tempo pois tinham que se dedicar à “palavra”.

Conversa fiada.

Jesus sendo um único, pregava e ainda alimentava multidões, agora, temos os discípulos se tornando "folgados".

Imagino o diálogo:
Tomé: "Pedro, a gente não tem tempo pra ficar alimentando esta moçada, a gente tem que pregar o Evangelho."
Pedro: "É Tomé, vamos escolher quem possa servir, aí sobra mais tempo pra gente".

À partir deste ponto, os discípulos começam a “fugir” dos propósitos de Jesus. Resolveram se envolver em um assunto desnecessário. Em vez de seguir com a palavra “cuidem das viúvas, cuidem dos órfãos”, conforme Jesus havia falado, eles resolveram determinar quem iria cuidar das viúvas e órfãos. O que deveria ser feito por todos em amor, passou a ser feito por poucos por obrigação.

Jesus prossegue dizendo que, quando as plantas cresceram e as espigas foram formadas, o joio apareceu.

Nestes dois mil anos, o adversário lançou tanto joio em meio ao trigo, distorceu tanto a mensagem da cruz, que, está quase impossível retirar o joio do meio do trigo.

As pessoas não conseguem separar religião de Jesus Cristo.
Não conseguem separar Jesus de “Gezuis”.
Não conseguem separar “Denominação” de Igreja.
Não conseguem discernir o que seja Corpo de Cristo, devido aos ensinamentos de Satanás estarem embutidos na “Igreja”.

Onde está o joio então?

Satanás, conseguiu substituir a mensagem de Salvação, Amor e Perdão, por uma mensagem de prosperidade, riquezas, saúde física e inserção de medo nas pessoas.

O enganador lançou o joio, fazendo com que acreditemos que cantar músicas é louvar a Deus, quando louvar a Deus é viver uma vida em louvor, mesmo que eu não cante nenhuma música.

O enganador nos diz que Corpo de Cristo, são membros de igrejas evangélicas espalhadas pela face da terra, sendo que Jesus ensinou que fazer parte Dele era fazer a vontade do Pai, e fazer a vontade de Deus não se resume ao mundo evangélico.

O enganador conseguiu fazer com que acreditemos que podemos negociar com Deus, que podemos fazer alguma coisa para receber outra em troca. Conseguiu fazer com que acreditemos ser merecedores da salvação pelo que fazemos, mas, a Verdade é que merecemos a salvação pelo que Jesus fez, não pelo que nós fazemos.

O enganador nos ensina que devemos "aceitar Jesus", quando na realidade devemos aceitar Sua aceitação, porque Ele nos amou primeiro. Devemos é aceitar que somos amados por Ele.

Este "enganador" e "inimigo" pode ser o próprio satánas, como também muitas vezes somos nós mesmos, que sempre queremos deturpar os ensinamentos de Jesus com nossas desculpas do tipo "não era isto que Jesus queria dizer". "Jesus fez isto e aquilo porque era Deus, eu como não sou Deus não consigo cumprir o que Ele ensinou e fez".

O “inimigo” transforma o cristianismo, que era uma forma de vida, em uma religião.

O “inimigo” transforma a mensagem do Evangelho, que deveria ser vivida, em algo que deve ser “pré-gado”.

O “inimigo” diz que Jesus só foi bom e piedoso porque era Deus e nós, não seremos bons por não sermos Deus, invalidando as Palavras de Jesus como exemplo de uma vida humana e com Deus.

O “inimigo” faz com que o templo de cimento e tijolo seja re-erguido, desvalorizando o Templo de carne e osso.

O “inimigo” nos enche de tarefas e rotinas religiosas, tomando nosso tempo, e faz com que não tenhamos tempo para praticar o verdadeiro Evangelho. Enquanto isto ele nos engana e ficamos chupando o “pirulito da religião”.
O "inimigo" costurou o véu do templo, nos ensinando que existe novamente um lugar sagrado, que a "igreja", o "lugar", o "terreno" é terra santa, é lugar sagrado, assim como era o Templo de Salomão.

O “inimigo” nos apresenta um grupo de pessoas que se diz “eleita”, “nação santa”, “povo escolhido”, mas, que na realidade valoriza o nome do grupo mais do que as pessoas que fazem parte do grupo. As pessoas não tem valor e sim, o nome do grupo é que deve prevalecer acima do ser humano, isto vai contra o Verdadeiro Evangelho.

O "inimigo" colocou no meio das "igrejas" a jactância, a arrogância, a auto-glorificação de dizer "Eu sou salvo porque conheci esta OBRA maravilhosa", ou, eu sou salvo porque eu não faço o que os do "mundo" fazem.

O "inimigo" faz com que estejamos agindo conforme Jeremias reprovou no capítulo 7 de seu livro,  faz também que ao lermos, acreditemos que os judeus agiam assim, que outros agem assim, e que EU mesmo não sou assim.

Paulo e Pedro nos alertaram que chegaria o dia em que a Palavra seria deixada de lado e as pessoas iriam crer mais em fantasias (visões, revelações), fábulas, invenções, do que na própria Palavra de Jesus. Disseram também que as pessoas buscariam mestres que diriam aquilo que elas queriam ouvir, deixando os ensinamentos de Cristo "de lado".

Um exemplo disto eu vi estes dias, uma amiga foi fazer uma cirurgia e minha esposa disse que ela foi a uma igreja pedir oração. Até aí tudo bem, não fosse pelas visões que eu já imaginava que iriam contar a ela, do tipo:
"Vi vários anjos no hospital ao seu lado"
"Vi que o médico que ia te operar saia da sala e um anjo te operava"
"Vi que um anjo pegava na mão do médico e o guiava na cirurgia"
Visões padrão daquela determinada igreja, é sempre a mesma coisa, pré-programada.
A minha esposa não me contou nada sobre o resultado de tal oração na igreja.
Mas eu fui ao hospital um dia antes da cirurgia, percebi que ela estava bastante feliz e confiante.
Ela disse que estava muito feliz porque acreditava na presença de anjos junto a ela no hospital, eu gostaria muito que ela dissesse que era pelo que está escrito no salmo 91 verso 11, mas, eu já imaginava que não era por isso.
Ao chegar em casa, perguntei a minha esposa sobre o resultado e minha esposa confirmou o previsto.
Ela disse que foi uma “visão” que um membro da igreja teve onde ele via vários anjos no quarto do hospital, ou seja, é mais fácil crer em “visões” do que crer naquilo que as escrituras dizem, e assim, vai passando o tempo enquanto ficamos chupando o pirulito da religião e vivendo de fantasias que continuarão nos distraindo.

E você? O que você é? Trigo ou joio?

Sua fé está em Cristo ou na "igreja"?

Você crê nas Escrituras ou em profetadas, visagens e revelagens?

As suas atitudes, palavras, atos e ações, são trigo ou joio?

Após escrever este post ouvi uma mensagem do Caio Fábio em http://vimeo.com/channels/caiofabio#2001704, assista, é muito edificante.

Que Deus nos livre do engando do falso semeador.

Abraços.

Odlave Sreklow.