Recebi um e-mail de um irmão com algumas perguntas e acho que as respostas serão úteis para muitos:
Um grande abraço ao amado irmão que enviou esta carta:
Odlave lí grande parte do seu blog. Pelo o que entendí, voçê não se vê mais preso a uma "igreja". Certo? Se eu estiver errado me corrija. Mas me responda uma pergunta; como voçê pratica hoje sua vida cristã? Acredita mesmo que pode viver o Evangelho sem ter parte em uma denominação? Como seria ter parte no Reino, mas não se reunir com um povo? Quero deixar claro meu irmão que faço essas perguntas com uma mente livre de qualquer denominação, apesar de estar em uma desde os meus 13 anos de idade, hoje com 38 anos. Aguardo resposta. Paz do Senhor!
Amado e querido irmão, segue abaixo minha tentativa em responder suas dúvidas:
1)Como você pratica hoje sua vida cristã?
Por muito tempo eu não tenho “encaixado” em uma “igreja”, por mais que eu tentasse eu sempre indagava e questionava muitas coisas de tais instituições (acho que todo mundo que sai começa asim, rsrs – e não estou só, rsrs).
Meu desligamento da “igreja” foi um processo que levou uns cinco anos, eu já estava caminhando para isso. Saí de uma igreja (denominação) para outra e por fim, desta para fora definitivamente, em nenhuma das duas fui excluído, expulso, excomungado ou qualquer coisa do gênero, eu simplesmente virei as costas e disse “foi bom enquanto durou, mas, estou indo, abraços”.
Após minha saída da segunda igreja, li diversos livros, revistas, reportagens e assisti a vídeos para tentar entender o que estava acontecendo comigo (um livro bastante interessante, embora eu tenha lido apenas o início é o “Cristianismo Pagão" de Frank Viola).
Mas a pouco tempo atrás, analisando um pouco o contexto Bíblico-histórico levantei a seguinte teoria:
Porque da criação da igreja como instituição após o ano 300?
Minha resposta: Quando Jesus nasceu, Israel estava dominado pelo Império Romano, Israel pagava duros impostos a Roma, porém, Roma não impedia que os “dominados” seguissem suas crenças religiosas, sendo assim, Israel continuava tendo o Templo de Salomão que era tudo o que eles precisavam, porém, chega um carpinteiro chamado Jesus e começa a causar uma série de problemas ao império.
Jesus disse que o templo seria destruído e que cada ser humano agora seria “o templo”. No ano setenta o templo foi destruído totalmente pelo Império Romano e o que aconteceu com os “homenzinhos templo”? Se multiplicavam iguais a coelhos, de boca em boca o Evangelho ia crescendo, sem lugar definido, na vida, as reuniões aconteciam nas cavernas, nas casas, etc. Ou seja, onde houvessem duas ou mais pessoas ali era o “templo”.
Após o ano 300, eu imagino que Roma teve uma excelente idéia, tornou o “maldito” (porque para Roma o cristianismo virou uma praga como gafanhotos) cristianismo em religião oficial do império, matando quem não aceitasse ser cristão e criando as enormes igrejas e catedrais, instituindo papas, bispos e padres para “controlarem” o povo que estava “fora de controle”.
No decorrer da história, surgem Lutero (Luterana), Calvino (Batistas e outras), Wesley (Wesleyana), Daniel Berger (Assembléias de Deus), Davi Miranda (Deus é Amor), Edir Macedo (Universal), Dodd e Gedelti Gueiros (Maranata), pessoas que não concordaram com a instituição que faziam parte e tomaram seu próprio caminho criando doutrinas diferentes e coisas que dizem ter recebido diretamente de Deus como “revelações” (muitas destas “revelações” foram inventadas como argumento para auto-realização).
No resumo a vida cristã foi colocada no “cabresto”, ou seja, a vida cristã passou a ser exercida somente no ato do culto, o lugar passou a ser sagrado, a hora passou a ser sagrada (atrasos perdendo a oração inicial são inaceitáveis), Deus ficou preso à igreja, oração só vale na madrugada, jejum é obrigatório, o culto virou um momento de obrigação, se você faltar ao culto está fora da presença de Deus.
Porém, uma vida cristã não se resume a isso, sempre preguei isto, quem me conhece lembra das mensagens transmitidas por mim nos púlpitos das igrejas por onde passei.
Na realidade tenho praticado realmente a vida cristã, saí da teoria, hoje por onde passo tento deixar a mensagem de Cristo. Nos deparamos com pessoas precisando de uma palavra de conforto no nosso dia-a-dia.
Os crentes sempre convidam as pessoas à irem para dentro da igreja, mas, o cristão ensina o Evangelho para a vida, temos que ser a luz do mundo e o sal da terra. Uma pessoa que tenho me identificado muito na minha vida cristã é o Caio Fábio, comecei a ler seus livros, assistir seus vídeos depois que já estava fora da igreja, ou seja, minha vida cristã não é baseada no que Caio Fábio diz, mas, minhas convicções batem com o que ele diz. Ouvi o Caio dizer certa vez que Jesus não queria criar um saleiro mundial, ele queria que o sal se espalhasse para dar gosto.
O Evangelho tem que ser Vivido e não Exercido/praticado nos templos.
2)Acredita mesmo que pode viver o Evangelho sem ter parte em uma denominação?
O texto do tópico acima já responde a esta pergunta.
As denominações sempre acrescentam coisas além do que está escrito na Bíblia, utilizando o argumento de que Deus “revelou”, ou seja, afirmam que havia algo além do que estava posto no Evangelho e que FALTAVA ALGUMA COISA ser revelada.
Então eles fazem como os fariseus que "acrescentavam" coisas ao Velho Testamento, outros fazem como os saduceus que “retiravam” coisas do Velho Testamento.
Cada igreja criada é uma tentativa humana de corrigir algo que começou errado, começou em Roma.
O verdadeiro Cristianismo ficou fora dos templos evangélicos-pagãos (que se tornaram até mais sagrados que o próprio Deus).
3)Como seria ter parte no Reino, mas não se reunir com um povo?
Povo a gente encontra pelo Caminho.
A “igreja” se tornou um clube, onde Batistas disputam com Metodistas, Maranatas e Adventistas, etc. Todos brigando por seus clubes e camisas.
Eu pregava sempre para as mesmas pessoas nas igrejas.
Agora, porém, reúno com o povo que quer conversar sobre o Evangelho sem a paranóia criada pela “igreja” e posso garantir, tem muita gente precisando ouvir a palavra de Deus e que também não “cabe” nas “igrejas”.
O Evangelho a gente prega na vida, no dia-a-dia, a gente vai caminhando, curando e sendo curado.
Lavando os pés dos que caminham conosco e tendo nossos pés lavados.
Participo de reuniões sim, na minha casa, na casa de amigos, na casa de parentes, com irmãos que vamos conhecendo no caminho, gente boa de Deus.
As reuniões são cultos evangélicos? Não. As reuniões são momentos de alegria e confraternização para conversarmos sobre o Evangelho, sobre a palavra de Deus.
Nas reuniões cantamos louvores para “invocar” a Deus? Não, os louvores são cantados como gratidão a Ele, porque Ele não é um Deus para ser “invocado”, ele é um Deus onisciente e onipresente, ou seja, ele já estava antes e continuará depois de nossos encontros, afinal Ele não Está, mas, Ele É. Você pode usar o texto “Invocai ao Senhor enquanto está perto, enquanto se pode achar” para dizer que eu estou errado, mas, se você olhar por este ponto de vista você desclassifica Deus como Deus, você apenas conclui que ele é igual a uma entidade do candomblé que precisa ser “invocado” para se fazer presente.
Ele é Deus, ele Sempre está, nós é que somos limitados.
Quando reúno com o povo é para ditar a palavra e eles apenas são ouvintes igual acontece nas igrejas? Não, nossas reuniões são no mesmo nível, todos participam e estudamos assim o Evangelho aprendendo em conjunto.
Não sei se consegui responder às perguntas, mas, creio que teremos mais oportunidade para trocarmos e-mails ou até mesmo tomarmos um café juntos.
Que Deus nos abençoe.