A necessidade de culto é a prova da inexistência de Deus.
Se pararmos para avaliar esta frase, perceberíamos que existe uma verdade inserida na mesma.
Vou citar meu exemplo de vida, minha experiência, assim como os evangélicos costumam dizer.
Eu fui católico durante os primeiros 15 anos de minha vida.
Deus foi apresentado para mim quando criança, porém, era um objeto meio distante, somente o padre era o "cara" que falava diretamente com Deus.
Quando ia dormir dirigia uma oração às paredes.
Quando acordava, novamente as paredes ficavam atentas às minhas preces matinais.
Quando ia à missa, ficava admirado e ao mesmo tempo assustado com o lugar e artefatos.
Quando criança tinha medo daqueles santos, imaginava que poderiam criar vida a qualquer momento. Não sabia porque, mas falavam em ressurreição, o cara que foi crucificado, que ficou três dias debaixo da terra e saiu, esta coisa me assustava.
Quando era levado pelos meus pais ao Convento da Penha, em Vila Velha, morria de medo daquelas salas onde ficavam expostos os "milagres". Ali existiam fotos e muitos maços de cabelos deixados pelos fiéis, rsrs.
Me deparava com relógios cuco e corredores sinistros.
Mas aí, veio a "libertação", a igreja evangélica era mais ligth. Certamente ali Deus estaria.
Logo logo me batisei, nas águas e com o Espírito Santo, amém.
Fui garoto dedicado, estudava a Bíblia, pregava, não fazia sexo (pior parte, rsrs), falava do amor de Deus.
E como me tornei um "varão de Deus", dizia tudo que vinha à cabeça porque "sentia" que era Deus quem mandava eu dizer (assim fui ensinado).
Mas existia um abismo muito grande entre estar sozinho e estar com o grupo.
Quando entrava em casa a coisa mudava, não "sentia" Deus. O lugar era diferente, na minha casa não tinha nenhuma decoração que trouxesse a memoria das coisas "santas".
Quando voltava à igreja, todos reunidos, a "fé" era renovada. Ali Deus estava.
Alguém pregando era a "voz de Deus".
Uma música bem cantada nos fazia "sentir a presença de Deus".
Uma oração "inspirada" movia os céus.
Mas tinha algo estranho no ar.
Quando o pregador não falava coisas que agradavam o povo, a sensação de presença de Deus se acabava.
Quando o coral ou os instrumentistas erravam a nota ou a letra, gente, não era a mesma coisa.
E quando eu estava sozinho em casa ou na rua, onde estava Deus?
No púlpito eu dizia: "Deus te ama, Jesus morreu por ti.".
Quando colocava a cabeça no travesseiro me indagava: "Mas e se essa história não for verdade? Deus, onde está você?"
E por diversas vezes ia sendo "usado" por Deus (até hoje pessoas afirmam isso para mim). Eu dizia coisas que achava que devia dizer e as pessoas como é de praxe, guardavam somente aquilo que "batia" com sua necessidade de ouvir.
Não tem nada de errado comigo, sou um servo de Deus, prego a palavra, oro e Deus cura, oro e Deus opera, sou um homem abençoado por Deus.
Mas, por onde cargas d'água anda este Deus quando eu não estou na igreja?
Sim, meu comportamento prossegue, meu testemunho fora da igreja é bom, qualquer Deus se sentiria honrado.
Certo dia disse: "Nós somos privilegiados porque Jesus morreu para nos dar uma vida eterna de alegria e paz. Enquanto estamos aqui, louvando ao Senhor, muitas pessoas estão caminhando para perdição porque não querem servir a Jesus."
Cheguei em casa e falei: "Caramba, inúmeras crianças na África vão queimar eternamente somente porque seus pais os educaram no Candomblé. Inúmeros indianos vão queimar no fogo do inferno só porque não se tornaram cristãos. Inúmeros muçulmanos queimarão no inferno porque adoram a Alá e não a Jeová. E eu, o que fiz para merecer esta vidinha em uma terrinha de ruazinhas de ouro para ficar cantarolando a mesma letra eternamente? Nada, eu só nasci em uma nação praticamente cristã".
Aí por fim, disse: "Deus, eu quero que você vá para a puta que o pariu, seu maldito, miserável, você condena para a perdição eterna aqueles que você criou, somente porque não estão de quatro para você? Você é um egoísta, um ganancioso, você é amor apenas para quem fica te bajulando? Então, a partir de hoje eu não te bajulo mais".
Eu já estava estudando um pouco de antropologia, psicologia, filosofia, sexologia e matemática (o que matemática tem a ver com isso?).
Foi então que comecei a entender que na verdade Deus somente existe na mente do homem, não havendo nenhuma força sobrenatural, mística, etc e tal.
E que este mesmo Deus precisa de um culto para subsistir.
Porque as pessoas vão aos cultos e missas? Esta é a única forma de manter Deus vivo.
Enquanto existirem pessoas acreditando em um Deus, este Deus irá "existir", certamente que na cachola destas pessoas, porém, irá "existir".
Porém, o fato de alguém acreditar não é suficiente para que "algo" exista.
Eu por exemplo acredito que aqui na frente do meu monitor tem um bolo de chocolate, mas caramba, o fato de eu acreditar não faz o bolo aparecer. Mas você não acredita? O bolo está aqui, não está sentindo? Eu fico até arrepiado. Você não acredita no bolo de chocolate? Seu maldito, morra!!!
Quando se acredita em Deus, se acredita em todos os seres pertencentes à mesma mitologia. Aí entram em cena o diabo e os anjos do mal, os anjinhos do bem, o tal do Espírito Santo de Deus. O cristianismo é um universo mitológico até grande para uma religião monoteísta ("trinteísta").
Quando estávamos reunidos cantando, entrando em comunhão (ou no ritmo), até anjos eu via. Caramba, via muitos. E eles diziam coisas para eu dizer aos outros. E por incrível que pareça, muitas das coisas aconteciam ou estavam corretas. Mas quando eu saía dali, sabia que não era verdade, sabia que eu estava vendo o que queria ver, que meu cérebro criava aquilo que eu queria que ele criasse. Eram meras especulações sobre a vida das pessoas.
Todo local de culto te induz a fugir da realidade.
São os sons dos instrumentos, as músicas cantadas, tudo isso nos envolve, seja apenas isso ou ainda complementados com chá ou outras drogas.
Nos levam ao êxtase, nos levam à presença do "todo-poderoso".
Mas no fundo no fundo, a sensação que você sente quando está na "presença" de Deus é bem parecida com a sensação de um bom orgasmo.
Quando a coisa acaba, quando você ejacula, você volta à realidade, aí são outros quinhentos.
O culto é necessário, porque lá, nós criamos e nos fortalecemos da ideia de um Deus.
Fora do culto, não há nenhum Deus, isto é fato, é realidade, orgasmos não são sentidos a todo instante, sensações vem e vão.
Vá ao culto, mantenha Deus "vivo" na sua vida.
Ele precisa de você, mas você não deveria precisar dele.
Um grande abraço,
Odlave Sreklow.