O comportamento humano estudado por psicólogos e psiquiatras até então está limitado ao acompanhamento pessoal e direto, isto é, frente a frente.
Freud acompanhou, estudou e escreveu sobre seus pacientes baseado naquilo que vivenciava no dia-a-dia destes.
A cada nova consulta, a cada novo dilema, a cada novo problema, a cada nova solução.
Será possível conciliar psicanálise/psicologia/psiquiatria ao mundo "conectado"?
Tenho visto diversos analistas fazendo acompanhamento "online" de seus pacientes e não consigo enxergar algo positivo nisto.
Será que você é realmente aquilo que escreve ou tenta demonstrar por trás do monitor?
Será que as pessoas são realmente aquilo que pensamos delas?
Será que nós somos realmente aquilo que outros pensam?
Será que nós somos realmente aquilo que nós mesmos pensamos?
Assisti a uma entrevista no Jô Soares recentemente onde a entrevistada disse que seu blog tornou-se sua sala de terapia. Isso porque ela conseguia analisar e pensar sobre as coisas que escrevia, isto é interessante, faço isso também neste blog.
Porém, analisar o comportamento das pessoas - que não nós mesmos - pelo que elas escrevem ou confessam através da internet não é tão eficaz como se espera.
Sistemas informatizados são criados para identificar comportamentos repetitivos, porém, o ser humano não é tão previsível como se espera.
Nos últimos dias tenho trocado comentários em alguns blogs para ver a reação das pessoas quanto ao que digo, principalmente alguns evangélicos.
Em certa conversa com um pastor, simplesmente pelo fato de informar a ele que não acreditava em seu deus ou simplesmente não estava nem aí para a questão de céu e inferno, o mesmo supostamente me identificou como uma pessoa triste e infeliz.
Em outro comentário onde resolvi postar alguns palavrões e ser intolerante demasiadamente, pude observar que algumas pessoas também definem você como uma pessoa cheia de rancor e muito infeliz.
E em se tratando de opiniões opostas?
Alguns também chegaram a dizer que eu não era feliz somente por ser Flamenguista e que para alcançar a felicidade deveria torcer para o time dele.
Ou aceitar a sua crença, como se acreditar em seu deus fosse condição sine-qua-non para a felicidade.
Na verdade, a convivência humana, dia-a-dia, olho-no-olho nunca poderá ser substituída por uma convivência "digital".
A única forma de sentirmos o que realmente o outro está sentindo é apertando sua mão e olhando em seus olhos.
Em uma mesa de bar, cercado de amigos, tomando aquela cerveja, você pode dizer "vai tomar no cu seu filho da puta e encha meu copo", que o amigo pega a garrafa prontamente e dá milhões de gargalhadas. Isso não pode ser feito por escrito porque se torna uma grande ofensa.
Somos reféns da interpretação nossa de cada dia.
Sem medo e sem necessidade de me "disfarçar" como alguns fazem, já fui o "gente fina", apoiando as ideias de alguém, já fui o "provocador", provocando alguém, já fui o "mal-educado", insultando algumas pessoas, já fui o "boca-suja", esbravejando contra outros, já fui, já fui, já fui por diversas vezes, somente para ver o que você iria dizer.
Estou ficando velho e percebi que não há nada de novo debaixo do céu.
Embora apaguem as minhas "idas", tenho-as guardadas em meus e-mails, para que no futuro possa apresentar aos meus filhos e rirmos juntos.
Continuarei a estudar como sempre fiz, porém deixarei de lado os debates infundados e sem-fim a qual vinha participando que me serviram de aprendizado (e muito).
O que escrevo aqui não o faça para terceiros.
Embora uma minoria diga que tem sido útil.
Continuarei por aqui e só aqui, tentando escrever para que o eu de amanhã possa ler as ideias do eu de ontem.
Foi legal, será legal, estará legal, muito legal.
Ainda bem que inventaram lápis e borracha.
Odlave Sreklow.