sábado, 2 de janeiro de 2010

Tragédia em Angra dos Reis.

Tragédia em Angra dos Reis.





O ano de 2010 inicia com diversos desastres naturais não somente em Angra, mas em várias partes do Rio, São Paulo e Minas Gerais.

Realmente é com pesar que escrevo sobre tal assunto.

Na realidade sem o direito de fazê-lo porque estive longe de tal calamidade, onde não sofri na pele nada do que os familiares das vítimas estão sofrendo e sequer posso ajudar de alguma forma.

Mas, me atrevo a escrever devido a algumas coisas que vi na televisão.

Como em qualquer tragédia/calamidade/desastre sempre temos o seguinte:
Pessoas que não conseguem escapar e se tornam vítimas imediatas.
Pessoas que são retiradas com vida e não resistem se tornando vítimas de segundo tempo.
Pessoas que conseguem escapar com vida.
Pessoas que estariam no local, mas, por algum motivo não foram e sobreviveram.

Vi uma mulher, muito compadecida pela morte dos conhecidos dizer na sua simplicidade e humildade (em lágrimas) assim: "Nós não conhecemos os propósitos de Deus".

Seu filho iria para o local, porém, desistiu.

Teve outro rapaz que por escala de serviço deixou de ir, mas, perdeu o irmão, cunhada e sobrinho.

Alguns podem imaginar que eles foram salvos por uma intervenção de Deus.

Assumindo tal consciência, estamos subitamente declarando que os demais, que foram a óbito, não receberam tal intervenção divina, ou que não mereciam tal intervenção.

Muitos com certeza nesta hora se perguntam: "Porque Deus permitiu isto?" ou pior ainda: "Porque Deus fez isto?".

A questão básica é que, desde o momento que nascemos, temos uma grande chance de morrermos.

Exatamente.
Seja por alcançar uma idade em que nossos órgãos comecem a "parar de funcionar".
Seja por uma falha em nosso organismo ainda jovens.
Seja por um acidente.
Seja por uma morte "pré-meditada".
Seja por uma fatalidade como foi o caso.

Alguns podem dizer:
"A natureza está se revoltando", ou "É Deus pesando a mão", ou "Não deveriam construir casas naquele lugar".

Na realidade o ser humano em sua luta pela sobrevivência se depara constantemente com o que ele quer deixar para se preocupar no final da jornada: "A morte".

Muitos nem querem falar sobre o assunto.

Podemos perguntar a qualquer pessoa, da mais religiosa à menos religiosa, de qualquer religião.

Você tem certeza daquilo que crê? Você ama ao seu Deus?

A resposta imediata é sim.

Mas ao perguntarmos se tal pessoa quer deixar esta vida para estar com o Amado Deus, ninguém quer.

Retornando com meu patrão certa vez à noite de Pinheiros (interior do ES), para Vitória (capital), vimos três carretas vindo em nossa direção lado-a-lado, isso mesmo, uma carreta no acostamento da pista contrária, uma carreta na pista contrária e uma terceira na nossa pista. Sobrou o nosso acostamento para passarmos. O engraçado foi a frase dita por meu patrão nesta hora: "A morte pede carona companheiro".

Certa vez viajando com um outro patrão meu para São Paulo, em meio a uma turbulência, ele diz: "Você não tem medo de morrer?", eu disse: "Não". E ele perguntou se eu tinha certeza que iria para o céu, eu disse que estava ansioso para chegar ao céu. Ele disse que não tinha certeza se estava preparado para morrer.

Se algum familiar ler o que escrevo, peço desculpas, mas, a realidade é esta.

Não é propósito de Deus a morte de ninguém, porém, somos egoístas em desejar e imaginar que esta vida que nós estamos vivendo é melhor do que estar com o Pai.

Após tal tragédia Deus tomou para si tais pessoas sim, mas, antes de tal fato não foi sua ação realizada.

Se Deus fosse interferir em cada ato, então, eu seria o primeiro a questionar meu livre arbítrio.

Não quero um Deus que evite minha morte, não quero um Deus que cause minha morte.

Quero um Deus que me ensine a viver sem medo da morte.

Quero um Deus que me dê tranquilidade para viver e para morrer.

Quero um Deus que me receba em seu paraíso hoje, amanhã, ou qualquer outro dia em que a morte chegue a mim.

No mais, desejo que Deus nos dê forças para suportarmos tais sofrimentos, pois, os que se foram, estão melhores que nós que ficamos.

Resta aos familiares chorarem as saudades e suportarem a falta de uma pessoa amada e querida.

E se você está próximo dos familiares faça a sua parte, ajude, aqueça quem nesta hora sente muito frio, dê carinho a quem precisa.

Olhe as pessoas como pessoas, não só nesta hora difícil, mas todos os dias.

Desejo aos familiares e amigos das vítimas que prossigam suas vidas em uma jornada ainda mais consciente e dependente do Amor de Deus, afinal de contas, Jesus Venceu a Morte.

Tragada está a morte na Vitória.



Amém.

Odlave Sreklow.

Fotos da tragédia em Angra dos Reis : www.globo.com

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