terça-feira, 30 de novembro de 2010

PORQUE NÃO ACREDITO EM DEUS

Atualmente estou meio "desviado" do meu blog, enrolado com trabalho e estudos. Encontrei este texto a uns dias atrás no blog do Petrus e solicitei a ele permissão para postar. Como já recebi sua autorização, aí está. Abraços.






Porque não acredito em deus

Sempre fui muito subjetivo em falar sobre deus, com textos metafóricos, contos e poesias, falei sobre o divino e o além. Então, resolvi escrever claramente sobre os motivos de não crer em espíritos, numa vida além, um pai celeste que me ama e quer me salvar. Listarei os pontos e os comentarei:

- A voz de deus não me responde

Os fiéis dirão que eu não ouço deus porque não acredito. Preciso crer. Mas, quando eu acreditava e me esforçava para ser ouvido e acreditava que deus falava comigo através de mensagens eu também nada ouvia. Quando criança, uma ingênua criança do senhor, eu falava com deus e esperava suas respostas, mas ele não me respondia e quando eu tinha ideias ou coisas aconteciam, eu creditava na conta de deus (foi Ele!) e quando as coisas davam erradas, eu não tive fé suficiente. Hoje, vejo como era ingênua minha vontade de defender deus, achando que tudo certo era por causa dele e errado por minha culpa ou do diabo. Ora, todas as ideias e a confiança que eu tive, afinal, vieram da minha cabeça e a confiança era em mim mesmo. Você já ouviu deus? Já o viu? Já o sentiu ou apenas colocou, indiscrimidamente, as vantagens obtidas como dadas por deus e os prejuízos na conta do diabo ou na sua falta de fé?

- Os olhos de deus não me vêem

Eu não vejo nada além, eu não vejo espíritos, não os ouço, não os sinto. Por que deveria acreditar? Acreditei em deus desde a minha infância simplesmente por ter sido imposto para mim. Eu acreditava porque me diziam que existia, mas, eu jamais vi alguma coisa. Eu via vultos pelo canto do olho e quando olhava, nada estava lá: para mim, aquilo era um espírito tentando se comunicar. Deixei de acreditar em espíritos e onde eles estão agora? Não há vultos, não há nada. Deus se esconde daqueles que não lhe tem fé? Pois não são esses que mais necessitam? Acreditar me fazia ver coisas, mas isso não quer dizer que existiam.

- Os ouvidos de deus não me escutam

Nunca perdi um ente querido, não tive um trágico acidente, nada me aconteceu para que eu ficasse com raiva de deus e deixasse de acreditar numa presença divina e é justamente por isso que não acredito! As pessoas só acreditam em deus pelas razões: acreditam desde a infância, “sentiu” a presença de algo maior ou algo terrível aconteceu em suas vidas e ela sentiu a necessidade de apoio. Percebe-se como são motivos infantis, baseados mais na ingenuidade da cabeça e no desespero da pessoa do que em razões fortes, baseadas no pensamento. Por que fé é o contrário da razão? Deus criou um mundo material, mas seu mundo espiritual está protegido contra a inteligência? Tudo que é pensado sobre deus é tido como uma falha: a fé deve ser sentida, apenas, e jamais pensada. Ora, por quê? Deus não tem explicações sobre si mesmo? Nada no mundo espiritual pode ser explicado? A inteligência humana, que “deus” nos deu, tem como principal utilidade a contestação, se “deus” quisesse que acreditássemos sem questionar não teríamos o raciocínio, não é?

Deus não existirá porque o mundo precisa

Deus não existirá porque eu sofro. Deus não existirá porque estou sozinho. Deus não existirá porque tenho problemas a ser resolvido. Deus não existirá porque nasci sem as pernas, porque nasci cego, porque nasci corcunda, porque minha mulher me traiu, porque meus filhos usam drogas, porque o mundo é injusto. A natureza não é justa ou injusta, ela não tem lados. Cada um nasce como nasce e é essa a beleza da vida. Não existir uma vida após a morte torna tudo mais valioso: o que é breve é mais importante e faz ainda mais sentido. Não sinto tristeza por não acreditar em algo além, sinto-me feliz por saber que tudo em vida vale a pena, mesmo as dificuldades. Os problemas, as dores, as tristezas fazem parte da vida e refutá-las como coisas do maligno, do diabo, obstáculos desnecessários para a vida é não desfrutar o que a natureza lhe oferece. Não apenas uma vida cheia de prazeres, mas sim uma vida completa: além do prazer, a dor; além da alegria, a tristeza; além da companhia, a solidão; além da calma, o desespero. Conhecer os lados, ir e vir, faz parte do viver. A moralidade, a ética, o respeito pela humanidade não vem de deus ou das religiões. Sócrates já explicava, séculos antes de Jesus nascer, as vantagens de ser justo comparado com o injusto. A justiça não é divina, é humana e o homem não é superior a natureza. Se a moralidade ensinada pelas religiões, em especial a cristã, fosse especial e divina, o mundo seria melhor, já que a maior parte da sociedade acredita em deus. Mas, ao invés disso, nós aprendemos e erramos e consertamos o errado. Cortamos da nossa vida os ensinamentos morais idiotas da Bíblia como “Apedrejar o filho desobediente até a morte” (Deuterônimo cap. 21, vers. e18-21) ou quando diz que a mulher deve ser submissa e ficar em silêncio na presença do homem e que não exerça autoridade sobre o macho (I Timotéo, cap. 2, vers. 8-15), porque a sociedade aprendeu e não porque deus nos ensinou (visto que “ele nos ensinou” o contrário!). Porque se deus junto com seus ensinamentos da Bíblia ou qualquer outro livro sagrado fosse o único padrão da moralidade e se a sociedade não se adaptasse e usasse sua inteligência para melhorar-se moralmente, estaríamos ainda hoje apedrejando mulheres até a morte e destruindo aqueles que não acreditam em nossa fé (assim como os extremistas e oportunistas do islamismo vivem até hoje e nos horrorizam com suas interpretações estúpidas de sua religião). A única forma que as pessoas podem viver para sempre é deixando um legado para o mundo, uma obra importante para a sociedade e que levará o seu nome e sua utilidade enquanto a humanidade existir. Esta é a eternidade que nos espera.



4 comentários:

  1. Belo texto! Bastante sincero e coerente! Em certos momentos me lembrou o esperto e cauteloso (e bastante criticado no meio religioso, não sei por que) Tomé! O cara era tão cético que o próprio Cristo ressuscitado teve que tocá-lo para que ele pudesse crer. Rs.
    De certa forma, possuo alguma semelhança com Tomé e concordo com grande parte deste texto, apesar de acreditar em Deus! (Entenda-me se for capaz hehehe)

    Abraço

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  2. Entendo perfeitamente Alexandre.

    Abraços cara,

    Odlave Sreklow.

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  3. Odlave, estou sentindo sua falta na Confraria, que te passa amigo, é a faculdade?
    Desejo que estejas muito bem com tua família.


    Abraço. Guiomar.

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  4. Oi Guiomar,

    Minha cabeça estes dias está voltada aos estudos.

    Também preciso de um tempo.

    Estou meio cansado de discutir as mesmas coisas.

    Daqui a pouco estou de volta lá, rsrs.

    Abraços,

    Odlave Sreklow.

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