A religião e seus medos

A religião e seus medos

Desde a antiguidade o grande medo das religiões tem sido o de encarar as contestações que se levantam contra seus ensinamentos.

Dificilmente surgiam líderes religiosos que discutiam com naturalidade sobre seus conceitos, doutrinas ou regras.

É comum rotularem como herege o indivíduo que ousar questionar os fundamentos e técnicas religiosas.

Nos dias atuais, os líderes religiosos desmotivam seus seguidores a lerem os filósofos e cientistas, informando que tais escritores, devem ser ignorados por não fazerem parte da mesma religião (mesmo aqueles que declaravam a mesma base de fé), principalmente para as religiões mais novas como é o caso das diversas religiões em que se transformou o “cristianismo”.

Como a maioria destas novas religiões tem menos de cem anos, é óbvio que muitos filósofos, poetas e cientistas não tiveram conhecimento das mesmas.

Hoje, tentam criar uma barreira entre religião, ciência e filosofia, porém, nem sempre foi assim. Estes três conceitos sempre andaram de mãos dadas.

O conceito de proibição é a base religiosa e a sustentação da fé e do “deus” “religiomático”, ou seja, o “deus” que só existe puramente devido à religião. Ponto em que, se tal religião cai em descrédito, automaticamente a figura do “deus” que era sua base é destituída e perde-se sua ligação.

No pentateuco, livro dos judeus (também adotado pelos cristãos), no livro de Gênesis, declarada na na história de Adão e Eva, temos a base para a proibição judaica e cristã. A base proibitiva não foi gerada pelas leis e mandamentos descritos nos livros judaicos como dadas por Deus a Moisés, e, sim, na determinação de não se comer de uma árvore criada e pré-fixada em um devido lugar, pelo mesmo “deus”.

Tal determinação denota uma personalidade complexa de um “deus” místico, que supostamente cria o homem, o coloca em um determinado lugar e, em sua frente, coloca algo que era vistoso, mas que, ele não poderia tocar ou comer.

Em seu livro Totem e Tabu, Sigmund Freud menciona que, povos da antiguidade também possuíam estes tipos de proibições, denominadas de tabus.

Onde, em sua maioria, o tabu tinha uma raiz religiosa e cultural.

Normalmente os líderes religiosos criavam tabus e determinavam condenações à suas proibições.

Em alguns casos, o indivíduo que quebrasse um destes tabus, onde, a condenação era a morte por alguma doença, realmente morria, porque, psicologicamente, ele acreditava realmente que tinha adquirido tal doença, e, passava a sentir seus sintomas. Às vezes, ficando em sua cama, sem comer, sofrendo até a morte. Mesmo sem ter nenhuma doença.


A Igreja Católica Romana, criara também uma lista de livros que eram proibidos aos seus seguidores. Estes livros se tornaram tabu. Na verdade, tais escritos, desmascaravam (ou levantavam dúvidas sobre) conceitos da religião cristã romana. Devido ao medo de perder os fiéis, o Vaticano resolve então, através do medo e da proibição, tentar evitar que eles tivessem conhecimento de tais obras.

Segue texto que retirei do Wikipedia onde está escrito um pouco sobre esta lista de proibições. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Index_Librorum_Prohibitorum)

O Index Librorum Prohibitorum ou Index Librorvm Prohibithorvm ("Índice dos Livros Proibidos" ou "Lista dos Livros Proibidos" em português) foi uma lista de publicações proibidas pela Igreja Católica, de "livros perniciosos" contendo ainda as regras da igreja relativamente a livros.

O objetivo do Index Librorum Prohibitorum inicialmente era reagir contra o avanço do protestantismo, sendo criado em 1559 no Concílio de Trento (1545-1563), e ficando sob a administração da Inquisição ou Santo Ofício. Esta lista continha os livros ou de obras que se opusessem a doutrina da Igreja Católica e deste modo tinha o objetivo de prevenir a corrupção dos fiéis.

O índice foi atualizado regularmente até a trigésima-segunda edição, em 1948, tendo os livros sido escolhidos pelo Santo Ofício ou pelo Papa. A lista não era simplesmente reativa, os autores eram encorajados a defender os seus trabalhos. Em certos casos eles podiam re-publicar com omissões se pretendessem evitar a interdição. A censura prévia era encorajada.

A trigésima-segunda edição, publicada em 1948, continha 4.000 títulos censurados por várias razões: heresia, deficiência moral, sexualidade explícita, incorrecção política, etc. A escassez dos meios de comunicação da época dificultava e até impossibilitava que a Igreja pudesse se defender em tempo útil. Assim como a Igreja Católica, membros de outras religiões também exerceram ou continuam a exercer tal censura, embora não tenham um livro explícito para isso.

Em determinados momentos da história obras de cientistas, filósofos, enciclopedistas ou pensadores como Galileu Galilei, Nicolau Copérnico, Giordano Bruno, Nicolau Maquiavel, Erasmo de Roterdão, Baruch de Espinosa, John Locke, Berkeley, Denis Diderot, Blaise Pascal, Thomas Hobbes, René Descartes, Rousseau, Montesquieu, David Hume ou Immanuel Kant tenham pertencido a esta lista, sendo algumas dessas tendo sido removidas mais tarde.

Alguns famosos romancistas ou poetas incluidos na lista são: Laurence Sterne, Heinrich Heine, John Milton, Alexandre Dumas (pai e filho), Voltaire, Jonathan Swift, Daniel Defoe, Vitor Hugo, Emile Zola, Stendhal, Gustave Flaubert, Anatole France, Honoré de Balzac, Jean-Paul Sartre, Níkos Kazantzákis, e o sexologista holandês Theodor Hendrik van de Velde, autor do manual sexual "The Perfect Marriage".

Teve um grande efeito por todo o mundo católico. Por muitos anos, em áreas tão diversas como o Quebec, Portugal, Brasil ou a Polonia, era muito difícil de encontrar cópias de livros banidos, especialmente fora das grandes cidades.

O índice foi abolido em 1966 pelo Papa Paulo VI,[1] sendo anunciado formalmente em 15 de junho de 1966 no jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, através de um documento chamado de "Notificação" escrito no dia anterior.
Seguindo o mesmo conceito, as igrejas evangélicas também, uma a uma, surgem e geram novas proibições, cada uma de acordo com seu interesse e, principalmente medo de que seus seguidores possam descobrir falhas do sistema ou até mesmo roubos e enganos à qual muitas vezes estão submetidos.

A Igreja Pentecostal Deus é amor é um exemplo disto.

Nesta denominação é expressamente proibido assistir a programas de televisão, inclusive, é também proibido ouvir qualquer programa de rádio que não seja o programa da própria denominação intitulado “A Voz da Libertação”. Estas proibições fazem parte de um manual de conduta para membros batisados.

Como base para estas proibições utilizam textos de seu livro sagrado (Bíblia, Novo e Velho Testamentos).

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Pentecostal_Deus_%C3%A9_Amor)


Ainda dentro da raiz do cristianismo temos a Igreja Cristã Maranata, que, além de proibições utilizando-se de textos e partes do livro sagrado (Bíblia), também se utilizam de pretextos considerados extra-bíblicos (que não fazem parte de seu livro sagrado) como revelações e visões vindas de seu presbitério (órgão gerenciador da instituição), tais “revelações” supostamente foram dadas ao presbitério diretamente por Deus.

A mais nova destas proibições foi a de que “Deus” não permite que os membros da igreja criem perfil no sistema chamado Orkut.

Em reuniões específicas para jovens, o presidente da instituição conta diversas histórias de pessoas que saíram da instituição e criaram comunidades no Orkut para combater seus ensinamentos.

Ele chama estas pessoas de caídos, malditos e filhos do diabo.

Na realidade o medo dos líderes desta religião é que os seus atuais membros vejam as contestações criadas nestas comunidades e os diálogos que surgem nas mesmas e sejam “contaminados” (por exemplo tem uma comunidade chamada “Já fui um Maranata – JFUM” onde diversas pessoas discutem sobre os ensinamentos desta religião).


Esta proibição do orkut também já foi levantada por outros líderes como Edir Macedo da Igreja Universal do Reino de Deus (http://www.youtube.com/watch?v=LJiwQtEdQ8Q).
No vídeo acima Edir Macedo diz:
“Me disseram: bispo, quase perdi minha salvação por causa do Orkut”
“E quantas pessoas foram para o inferno por causa do Orkut?”
“Quantas pessoas estão morrendo por causa do Orkut?”
“Gente que foi plantada pelo diabo para destruir a fé dos outros”

Outro líder religioso, chamado Silas Malafaia, da Assembléia de Deus também informa aos seus seguidores que não devem utilizar o Orkut. (http://www.youtube.com/watch?v=Te658JKSEOc)
Frases ditas por ele no vídeo acima:
“Qualquer idiota ou imbecil que coloca alguma coisa na internet contra um pastor, passa a ser verdade”
“Os irmãos em Cristo passam a ser instrumentos do diabo”
“São caluniadores, difamadores, sem princípio ético, pornográficos”
“Gente fraca é envenenada e cuja consciência é facilmente enganada”
Recentemente vi este mesmo líder em um programa de TV chamando todos que usam a internet para expor seus pensamentos chamados de vagabundos, bandidos, ladrões.

Estas proibições sempre estiveram presentes nas religiões, principalmente porque os líderes, sabem de suas falhas de conceitos, doutrinárias e teológicas. Principalmente na questão do cristianismo-capitalista que pregam.
Cientes de suas falhas, as instituições partem para a inserção do medo, informando aos seus membros que “Deus” os condenará ao inferno caso contestem tais conceitos.
A arma que utilizam é colocar tais pessoas que se levantam para questionar ou combater seus falsos ensinamentos como pessoas sem caráter.

Por diversas vezes as religiões condenaram, lançaram ao fogo, lançaram em covas de leões, fizeram espetáculo com a morte daqueles que tentaram colocar “em xeque” suas doutrinas e ensinamentos.

Texto retirado do site "Silêncio" (http://silencio.weblog.com.pt/arquivo/153201.html)

O medo - a base da Religião

A religião baseia-se principalmente e antes de tudo, no medo. É, em parte, o terror do desconhecido e, em parte, como já o disse, o desejo de sentir que se tem uma espécie de irmão mais velho que se porá do nosso lado em todas as nossas dificuldades e disputas. O medo é a base de toda essa questão: o medo do mistério, o medo da derrota, o medo da morte. O medo é a fonte da crueldade e, por conseguinte, não é de estranhar que a crueldade e a religião tenham andado de mãos dadas. O medo é a base dessas duas coisas.

Nos dias atuas não é diferente.

E você? 

Está vivendo sob tais proibições?

Ou a sua consciência é livre para o pensar?

Abraços,

Odlave Sreklow.