Ao nascer me deram um nome, uma identificação, sem me perguntarem se eu estava de acordo.
Me deram uma nacionalidade, não me perguntaram em qual país eu queria nascer.
Me deram uma camisa de um time de futebol, sem me perguntar se eu curtia aquele time.
Me vestiram com roupas que gostavam, sem perguntarem meu estilo.
Me alimentaram com comidas que achavam gostosas, não perguntaram meu gosto.
Me classificaram segundo minha aparência e pigmentação (rsrs).
Colocaram em minha testa uma marca escrita "pecador", sequer eu sabia o que era pecado.
Por causa desta marca colocaram um outro carimbo chamado religião, sem perguntar se eu estava de acordo.
Apesar de me classificarem e enfiarem goela abaixo "identidades" e conceitos sem minha autorização, existiam coisas que eu não podia fazer.
Sexo, só quando casar.
Votar, somente na idade certa.
Dirigir, agora não.
Ao crescer descobri que meu nome fora escolhido com carinho e tinha um sentido de ser este nome.
Descobri que meus antepassados escolheram o país onde nasci devido à fuga de uma guerra em seu país de origem.
Descobri que me deram aquela camisa de time de futebol por causa de um excelente jogador e, na época em que nasci, seu time era um dos melhores.
Descobri que as roupas que me vestiam era somente aquelas que podiam comprar.
Descobri que a alimentação que me davam eram também de acordo com o orçamento familiar.
Descobri que a classificação na sociedade é necessária.
Quando comecei a questionar a identificação de pecador e necessidade de "purificar-se" em uma religião a coisa complicou.
Me contaram uma história assim:
Deus fez um homem-barro, dele fez uma mulher-costela, esta conversou com uma cobra que lhe deu uma fruta, e, em seguida Deus condenou todo mundo à morte, mesmo quem nem existia ainda, por causa da fruta. (by Bill)
Me disseram que Deus é algo que não tem aparência, não tem forma, não tem imagem e não tem semelhança, mas nos fez à sua imagem e semelhança.
Me disseram que Deus nos fez para viver neste planeta em uma área pequena chamada Paraíso, depois que a mulher-costela comeu a fruta eles foram colocados para fora daquela pequena área e habitaram todo resto que não era o paraíso.
Interessante, das duas uma, ou o homem barro e a mulher costela iriam viver sozinhos para sempre neste lugar pequeno chamado paraíso ou, iriam gerar novos homens-barro e mulheres-costela "superlotando" o paraíso de forma que, em algum momento o pessoal teria que ser colocado para fora, senão, ia ficar igual à Casa de Custódia de Viana.
Me disseram que, por causa da fruta Deus desprezou todos homem-barro e mulher-costela exceto até o momento que ele mesmo, Deus se mataria para devolver ao homem-barro e mulher-costela o direito de voltar para o pequeno lugar chamado paraíso. Porém esta morte do Deus não seria assim, digamos que, uma morte. Porque Ele ressuscitaria, na verdade ele não se matou e nem foi morto, em um passe de mágica e "taram" lá está ele, vivinho da silva.
Me disseram que eu tenho que acreditar nesta história para poder ir lá para o paraíso onde tudo começou.
E que agora tenho que receber uma nova marca, a tal da marca de Cristo.
Cá pra nós, devia ser um tédio neste tal de paraíso porque a mulher-costela não tinha ninguém pra conversar, mó silêncio e tal, o homem-barro não dava conta do recado, O Criador aparecia uma vez por dia (ele não é onipresente?), só sobrou quem pra ela bater uns papos e dar um rolé pelo paraíso? A serpente, mó viagem, lá a mulher-costela passeando no jardim com nada mais nada menos que a serpente falante.
Contos Religiosos.
Odlave Sreklow.